Apesar desta Festa ter sido instituída como festa universal somente no ano de 2000, ela já era realizada pela Irmã Faustina Kowalska desde a década de 30, na Polônia. Segundo os escritos, Santa Faustina foi inspirada para que fosse realizada a Festa da Misericórdia em toda a Igreja; pedido apontado pelo menos em 15 momentos nas anotações, como cita um trecho retirado do diário da religiosa. "Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Nesse dia estão abertas as entranhas da minha Misericórdia. Derramo todo o mar de graças nas almas que se aproximarem da fonte da minha Misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das culpas e castigos. Nesse dia estão abertas todas as comportas divinas, pelas quais fluem as graças... Desejo que seja celebrada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa. A humanidade não terá paz enquanto não se voltar à fonte da minha Misericórdia". (Diário nº. 699).
A Imagem da Misericórdia é um quadro de Jesus, pintado à mão por um pintor renomado naquele tempo, a partir das descrições feitas pela Irmã. A obra traz a seguinte inscrição: “Jesus, eu confio em vós”! (Jezu, ufam Tobie!). Após uma acurada análise dos escritos e da vida da santa, a Santa Sé autorizou, em 1978, a Devoção da Divina Misericórdia. Em 1994, Irmã Faustina foi beatificada e em 2000 foi canonizada com o título: Santa Maria Faustina do Santíssimo Sacramento.
São João Paulo II instituiu, no ano 2000, a Festa da Misericórdia no 2º Domingo da Páscoa. O Pontífice faleceu no dia 02 de abril de 2005, que na época coincidiu com a véspera desta festividade. João Paulo II e João XXIII foram canonizados em 27 de abril de 2014, durante o Domingo da Misericórdia.
Neste ano, temos a graça especial de celebrarmos o Ano Santo da Misericórdia. O lema escolhido para esse jubileu extraordinário é um chamado à vivência concreta da fé e a misericórdia: “Misericordiosos como o Pai” (Lc 6,36). O Papa estabelece que em todas as Dioceses, Santuários, Paróquias, Comunidades cristãs aconteça a celebração deste ano santo como um acontecimento de graça e renovação espiritual. Além disso, o Santo Padre recomenda a revitalização das obras de misericórdia corporal e espiritual fixadas pela Igreja, para entrarmos no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina. Obras de misericórdia corporal: “dar comida aos famintos, bebida aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, visitar os doentes e enterrar os mortos”. Muitas dessas obras podem ser incrementadas participando de algumas pastorais e movimentos. Obras de misericórdia espiritual: “aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as pessoas inconvenientes, rezar pelos vivos e defuntos”. (MV n.15). Aprendamos, portanto, no Ano Santo da Misericórdia, a ser misericordiosos uns com os outros para merecermos a misericórdia de Deus.
Neste Domingo da Misericórdia somos chamados a participar da Celebração Eucarística e, se possível, dos encontros realizados em nossas paróquias espalhadas por vários lugares em nossa Arquidiocese. Merece especial destaque o Santuário Arquidiocesano da Divina Misericórdia em Vila Valqueire. Mas teremos o grande evento, solene, na nossa Catedral Metropolitana de São Sebastião, na Avenida Chile, a partir das 14 horas, e encerrando com a missa às 16hs, em que toda a Igreja Arquidiocesana é convidada a participar.
Devemos neste dia acolher a misericórdia em nossas paróquias, famílias e, sobretudo, em nosso coração. Que Jesus misericordioso, o Senhor Ressuscitado, seja a luz em nosso caminho e faça com que sejamos luz para toda a humanidade que tanto necessita do amor, da paz, da união e, sobretudo, da misericórdia.
Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário