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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

SOLIDARIEDADE OU COMPAIXÃO - Artigo de Rainey Marinho




SOLIDARIEDADE OU COMPAIXÃO

E
sta semana presenciei duas situações aparentemente semelhantes com resultados completamente diferentes. Estava caminhando em direção à Praça Deodoro, no centro de Maceió, quando me deparei com uma cena meio que inusitada. Um daqueles garotos que puxam carrinhos lotados de papelão foi abalroado por um carro levemente. O menino caiu, o carrinho virou e o automóvel seguiu em frente como se nada tivesse acontecido. Ao longe vi logo um sem número de pessoas correrem para ajudar o menino. A primeira que chegou, um senhor de paletó elegante, rapidamente o ajudou a levantar, perguntando se estava tudo bem. O menino respondeu que sim, mancando da perna. Naquele momento um aglomerado de pessoas já estava perto vendo tudo. O garoto sentou a beira da calçada para esperar passar o susto.

Pois bem, lentamente todos se afastaram voltando a seus afazeres, inclusive, o senhor elegante.

Um rapaz ficou.

Perguntou ao menino se podia ajudar e de repente lá se foram os dois. O menino sentado no carrinho com seu pé machucado e o rapaz puxando o carrinho, agora mais pesado.

Fiquei pensado sobre o que vi. Na nossa vida é assim. Quando alguma coisa acontece conosco diversas pessoas nos cercam e tentam entender o que se passou. Umas até perguntam se estamos bem, demonstrando compaixão. Mas cuidado, Nietzsche versa sobre a existência de uma compaixão perversa e que não é possível o nascimento deste sentimento entre iguais, somente entre desiguais. Não iria tão longe, mas precisamos ficar atentos a isso e não nos deixar enganar com o primeiro afago que vem em nossa direção.

Mas e a solidariedade? vi um conceito na web que achei muito legal:“Solidariedade é a disponibilidade para estar ao lado do outro com respeito e humildade”.

Acho que a chave está na disponibilidade e na humildade.

Cora coralina tem um “poema-oração” que em uma de suas estrofes versa assim:

"Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.”

Pois então, dai-me senhor a grandeza de ser solidário com os que me cercam. Amém.

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