Contato

Ajude-nos a atualizar este espaço. Mande as suas sugestões para luiz.monteiro@mfccuritiba.com.br

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Correio MFC Brasil #352


O papa Francisco conclamou os cristãos a escutar o clamor por justiça no mundo atual, o que é uma exigência que concerne a todos independentemente se têm alguma fé religiosa ou não. Isto implica entrar num autêntico diálogo que procure sanar efetivamente as raízes profundas e não a aparência dos males do nosso mundo. 

Francisco e Economia
Manfredo Araújo de Oliveira
Padre e Filosofo, presidente da Adital

Esta tarefa tem dois momentos complementares: a cooperação para resolver as causas estruturais da pobreza e para promover o desenvolvimento integral dos pobres como os gestos mais simples e diários de solidariedade para com as misérias muito concretas que encontramos. Solidariedade aqui significa a gestação de um nova mentalidade: pôr em primeiro plano a comunidade, dar prioridade à vida de todos frente à apropriação de bens por parte de alguns, reconhecer a função social da propriedade e o destino universal dos bens como realidades anteriores à propriedade privada.

A solidariedade significa, assim, a decisão de devolver ao pobre o que lhe corresponde o que implica igualmente mudanças estruturais e novas convicções e atitudes.

Não se trata apenas de garantir comida ou um sustento decoroso, mas prosperidade e civilização em seus múltiplos aspectos o que engloba educação, acesso ao cuidados da saúde e trabalho.


Daí a urgência em atacar as causas estruturais da pobreza só pode acontecer renunciando à autonomia absoluta dos mercados e da especulação financeira e enfrentando as causas estruturais da desigualdade já que ela constitui a raiz dos males sociais. 

Isto permite articular um horizonte que deve nortear toda a política econômica: a dignidade de cada pessoa humana e o bem comum são os valores de base e por isto não devem ser reduzidos a apêndices acrescentados de fora para ampliar discursos políticos que não possuem nem perspectivas nem programas de um desenvolvimento integral.

Isto tudo implica que não se pode confiar nas forças cegas e na mão invisível do mercado. Um crescimento equitativo não se identifica pura e simplesmente com crescimento econômico, embora o pressuponha. Ele exige certamente decisões, programas, mecanismos e processos que estejam efetivamente orientados para uma melhor distribuição de renda, para criação de oportunidades de trabalho, para uma promoção dos pobres que supere o mero assistencialismo.

Sem um compromisso radical com a justiça muitas palavras fundamentais se tornam vazias e molestas: ética, solidariedade mundial, dignidade dos fracos, distribuição dos bens. Neste contexto, o papa lamenta que até os direitos humanos podem ser usados como justificação para uma defesa exacerbada dos direitos individuais e dos direitos dos povos mais ricos.

Respeitando as diferentes culturas, é preciso lembrar sempre que o planeta é de toda a humanidade e para toda a humanidade e o simples fato de ter nascido em lugares com menores recursos de nenhuma forma justifica que algumas pessoas vivam menos dignamente. Por isto para falar adequadamente de nossos direitos implica que sejamos capazes de alargar nosso olhar e abrir os ouvidos para o clamor de outras pessoas, de outras regiões de nosso próprio país, de outros povos, especialmente dos povos mais pobres da terra.


Nos primeiros séculos, perdoavam-se os divorciados recasados e podiam receber a comunhão; mas mais tarde, no Ocidente, esta prática foi abandonada. Hoje, o Papa Francisco volta a propô-la, enquanto os cardeais discutem o tema.

Quando a Igreja romana perdoava os recasados

Destaques da reportagem de Sandro Magister publicada no sítio Chiesa.it, 31-01-2014. A tradução é de .
Em meados de fevereiro, os cardeais e bispos do conselho da Secretaria do Sínodo reunir-se-ão para estudar as respostas ao questionário distribuído em outubro passado em todo o mundo.

O Sínodo tem por tema “os desafios pastorais sobre a família” e será realizado em Roma, entre 05 e 19 de outubro próximo. Entre as 39 perguntas do questionário, cinco dizem respeito aos católicos divorciados e recasados e sua impossibilidade de receber os sacramentos da eucaristia e da reconciliação.

Sobre este ponto as discussões são muito vivas e as pressões para admitir à comunhão os divorciados recasados são muito fortes na opinião pública, com o apoio de bispos e cardeais de renome.

De fato, atualmente, na Igreja católica o único caminho para que os divorciados recasados e que se mantêm firmes na sua união sejam admitidos à comunhão eucarística é a verificação da nulidade do casamento precedente celebrado na Igreja.

As causas da nulidade podem ser muitas e os Tribunais Eclesiásticos são, geralmente, generosos quando se trata de resolver por este meio os casos matrimoniais que são também difíceis.

Mas é impossível para os Tribunais Eclesiásticos fazer frente ao grande número de casamentos que supostamente poderiam ser inválidos. O Papa Francisco indicou – citando a este respeito o arcebispo de Buenos Aires que o precedeu – que os matrimônios nulos poderiam representar quase “a metade” dos matrimônios celebrados na Igreja, porque foram celebrados “sem maturidade, sem dar-se conta de que é para toda a vida, - ou por conveniência social”.

Enquanto isso, o acesso espontâneo dos divorciados recasados à comunhão converteu-se em uma prática generalizada, tolerada por sacerdotes e bispos e inclusive animada e oficializada em algumas partes, como na diocese alemã de Friburgo.
Com isto, corre-se o risco de descarregar tudo sobre a consciência do indivíduo, aumentando a distância entre a concepção elevada e exigente do matrimônio tal como aparece nos Evangelhos e a vida prática de muitos fiéis.

Nesta fase de aproximação ao Sínodo sobre a Família, o Papa Francisco abriu espaço para um confronto entre posições diferentes, até mesmo contrárias, contribuindo dessa maneira ele mesmo para criar expectativas de “abertura”.
................................................................
Os partidários desta mudança, ao explicitar suas posições, apoiam-se em última instância na convicção de consciência de cada indivíduo.Mas é a consciência a única via de solução para o problema dos divorciados recasados? De acordo com o que acontecia nos primeiros séculos do cristianismo, não. A solução, na época, era outra.
.................................................................
Hoje, aqueles que querem centrar a atenção sobre a prática da Igreja dos primeiros séculos, propõem o retorno a um sistema penitencial similar ao adotado na época, sistema que ainda se conserva de certa forma nas Igrejas do Oriente.

Estendendo o poder da Igreja de absolver todos os pecados, inclusive àqueles que fracassaram no primeiro matrimônio e contraíram uma segunda união, se abriria o caminho – defendem – para “uma maior valorização do sacramento da reconciliação” e “para uma volta à fé de muitos que, hoje, se sentem excluídos da comunhão eclesial”.

Talvez o Papa Francisco estivesse pensando nisto quando, na entrevista no avião de volta do Rio de Janeiro, no dia 28 de julho de 2013, abriu e fechou “um parêntese” – palavras suas – sobre os ortodoxos que “seguem a teologia da ‘economia’, como a chamam, e dão uma segunda chance de matrimônio”.
Acrescentando imediatamente depois: “Creio que este problema [da comunhão às pessoas recasadas] deve ser estudado no marco da pastoral matrimonial”. 


Editorial

Estes dias estão marcados por episódios trágicos que apontam para a fragilidade da nossa condição humana e a precariedade dos espaços que habitamos. O ponto culminante destes dias foi a celebração do triste aniversário das mortes de mais de duas centenas de jovens, a maioria de universitários, em boate em Santa Maria. Foi comovente e chocante ver desenhados nas ruas os 234 contornos de corpos das vítimas e as lágrimas de seus parentes e amigos. Nestes mesmos dias, uma impressionante sucessão de acidentes de trânsito em algumas cidades do país produziu uma onda de mortes inesperadas. Ônibus lotados tombaram nas estradas, caminhão derrubou passarela esmagando carros e seus passageiros, ruas paulistas e centros comerciais se tornaram perigosos com manifestações desnecessariamente selvagens e destruidoras, com mortes em ônibus incendiados. O brasileiro perde a fama de povo alegre. É tempo de dor e tristeza.



PARA REFLETIR

Frases do padre Arnaldo


*      "É a partilha que salva".

*      "Sem partilha não há dignidade e comunhão, apenas acumulação"

*      "O bem não faz barulho, e o barulho não faz bem..."

*       "Amizade é mais do que ouro; amizade é vida!"

*       "As fronteiras psicológicas são muito mais duras que as fronteiras de pedras”.

*      "A primeira igreja é a casa paterna/materna..."

*      "Não tem coisa pior que construir estátua para nós mesmos"...

*      "A catedral de Jesus é o céu estrelado".

*      "Sem silêncio e quietude ninguém consegue encontrar o outro".

*      "É pelo toque, pelo encontro que a gente se enriquece".

Nenhum comentário:

Postar um comentário