Na quaresma devemos ter uma atitude de escuta, na qual as verdades divinas devem nos falar ao coração. A partir da oração e da reflexão sobre o mistério da Encarnação, a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, poderemos dar “razão de nossa esperança” (1Pd 3,15). A quaresma quer preparar nosso coração, para que, ao celebrarmos a Páscoa, a celebração seja expressão do que se passa no nosso coração, o qual durante quarenta dias empreende um itinerário de conversão.
Uma Feliz Páscoa, sempre vai exigir de nós uma quaresma bem vivida, voltando continuamente o olhar e o coração para o Senhor que nos chama à conversão. Com toda confiança tenhamos a coragem de corresponder à graça e “rasgar o coração”. Deixar que nele entre o Senhor, para revelar-nos a nós mesmos e curar nossas feridas. Precisamos fazer a experiência do quanto Ele é compassivo, misericordioso e sobretudo, paciente com nossas delongas.
No período quaresmal, devemos orar e refletir, para discernir o caminho a seguir ou continuar seguindo. Sempre um caminho de conversão para abrir mais espaço ao Senhor e aos irmãos em nossa vida. Esta conversão vai exigir de nós alguns propósitos firmes. Alguns destes propósitos são na direção de uma compreensão mais apurada dos mistérios que celebramos na liturgia, e da própria ação litúrgica das quais participaremos na semana santa.
Um propósito sempre válido e necessário é o que nos indica o Papa Francisco em sua Exortação Apostólica: “...qualquer pessoa que viva uma libertação profunda adquire maior sensibilidade face às necessidades dos outros(...)De fato, os que mais desfrutam da vida são os que deixam a segurança da margem e se apaixonam pela missão de comunicar a vida aos demais” (Evangelii Gaudium, n.10). Este propósito vai na direção da conversão do coração aos irmãos: “rasgar o coração” para que os outros possam entrar. Foi assim que aconteceu com Jesus que teve seu coração transpassado pela lança.
A conversão pessoal leva-nos inevitavelmente a participar na comunidade da “conversão pastoral”. Direcionar as ações da nossa Igreja no sentido de promover a liberdade: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). Vamos estender nosso olhar compassivo para os que são vítimas do tráfico humano, que é a comercialização de pessoas em vista de obter dinheiro, prazer e poder. A Campanha da Fraternidade deste ano nos convida a isso. Convida-nos a trabalhar para que este atentado à dignidade humana seja debelado. Uma ação concreta neste sentido é a denúncia através do e-mail disquedenuncia@sedh.gov.br.
Não nos esqueçamos que o empenho pelo direito e a justiça é um modo concreto de viver a caridade. Lembremo-nos: voltar-se para o Senhor é voltar-se para o irmão que sofre.
A todos que empreendem o itinerário quaresmal, deixo minha benção, em nome de Jesus!
Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo de Amparo-SP
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