Contato

Ajude-nos a atualizar este espaço. Mande as suas sugestões para luiz.monteiro@mfccuritiba.com.br

sábado, 6 de setembro de 2014

Não te perturbes...

Dentro de um espaço de tempo que se chama existência, as perguntas sobre o valor atribuído ao sentido ou não da mesma impregnam a alma de incertezas. Garantias não há de que seja dessa ou daquela maneira a forma ideal de se conduzir no caminho. Por isso, tal ensejo pode, por vezes, causar-nos perturbação. Vendo-se arrastada pela pressão da mente finalista, nossa capacidade de agir de modo contrário é quase nula.

Resta-nos, porém, uma alternativa. Por meio da percepção de que a ordem do mundo depende de um conjunto de variáveis em sincrônica interface, com o passar do tempo, recolheremos mais experiência do que impressões vagas na mente, de que algo não estava bom, mas que não sabíamos ao certo como fazer para alterar, isto é, o estado de impotência.

Pode, com isso, nascer o que chamamos de desânimo. Pela retomada de que nada se alterará com o mecanismo inexorável do tempo linear, a mente fica impregnada de imutabilidade. Aspecto extremamente preocupante, uma vez que um dos motivos mais graves do vale depressivo chama-se ausência de significado durante a passagem do relógio.

Entretanto, há um princípio búdico que afirma o seguinte: “Nada existe inteiramente só; tudo se inter-relaciona”. Desse modo, por meio de uma conexão mais abrangente com o que percebemos como “mundo”, nasce em nós a consciência de que não estamos isolados da teia cósmica universal. Adentrar no universo desta abertura desencadeia um grandioso espaço de renovação, cujo princípio animador é a não perturbação.

Não perturbar-se aqui não significa tornar-se indiferente. Ao contrário, com a não perturbação encontramos sinais plausíveis de como reagir de modo equilibrado aos tormentos da existência. Serenidade não se coaduna com passividade. O sábio budista é sereno, pois não se inquieta com a ondulação da maré. No centro de sua atitude, está, contudo, a caminhada rumo à tranquilidade no agir. Desse modo, ele não é passivo, uma vez que o passivo não age, pois desistiu de buscar o equilíbrio corpo-mente.

O percurso de uma ação perturbada, ou seja, de um modo de agir em desequilíbrio com as leis universais do bem e do amor, traz consequências terríveis aos que convivem dentro do espaço de influência dessa ação. Por isso, trata-se de encontrar novos modos de pensar o real sentido de nossa perturbação. Certamente uma combinação de elementos internos e externos, que passaram, ao longo de muitos anos, acumulando lixo mental em nosso caminho.

Um caminho possível para reagir à perturbação é o exercício meditativo. Quando se experiência esta prática, a consciência sai paulatinamente do incessante ritmo da perturbação cotidiana da mente, para valer-se da descoberta de um inaudito espaço de vitalidade do ser, a saber: a reconexão com a luz divina por meio da conexão com o universo. Esta indicação deve fazer parte viva de nossos passos cotidianos, a fim de que possamos construir algo intenso no vai e vem da maré da existência, e que se torne, ao longo de nosso caminhar, um ponto de apoio interagindo com as próprias razões existenciais da perturbação.

Namastê!

Jorge Leão
MFC/SENJOV

Nenhum comentário:

Postar um comentário