O Papa Francisco convocou um sínodo para refletir sobre a família hoje. Isso provocou muitas questionamentos e interrogações.
Muitos esperam que desta assembleia saiam soluções para os vários tipos de problemas que hoje envolvem o casamento e a família.
Será que, depois deste Sínodo, casamento e família ainda serão os mesmos que foram até agora?
O que, por exemplo, deveria mudar?
Será Que o casamento deixe de ser entre duas pessoas de sexos diversos?
Será que os casais deixem de procriar?
Será que a mulher tenha que se virar sozinha com os filhos?
Será que os filhos sejam gerados em laboratórios e entregues à responsabilidade do Estado, sem contato com os pais?
Será que deveríamos resignar-nos e concordar com aqueles que dizem que a família acabou e faz parte de um tempo que já se foi?
Quem olha para as crianças, os idosos, as pessoas com deficiência?
Será que o Estado ou a sociedade deveriam assumir inteiramente o papel da família?
As relações de parentesco deveriam ser ignoradas?
Será que o sonho dos jovens enamorados, que querem ter família, seria apenas ilusão romântica?
Será que deveria a Igreja mudar seu pensamento em relação à família?
O exagero das perguntas é proposital, para ajudar a ver que há coisas essenciais, em relação à família, que não poderiam mudar, sem comprometer seriamente a própria existência da comunidade humana.
As questões relacionadas com a família e a casamento são, ao mesmo tempo, simples e complexas pois dizem respeito aos elementos básicos da existência humana.
Olhamos a afetividade e o amor, o respeito delicado de pessoa a pessoa, a complementariedade, a vida gerada, acolhida e doada, o senso de pertença, de aconchego e de intimidade, a confidência, a aceitação da pessoa, como ela é, a gratuidade e o amor desapegado, a confiança, a alegria simples, a esperança...
São todas coisas boas, e quem não as gostaria de ter?
A Igreja quer continuar a contribuir para que isso aconteça na vida dos casais e das famílias.
Em que consiste o mal-estar, tão frequente, em relação ao casamento e à família, a ponto de muitos preferirem viver como “singles”?
Tem-se por vezes a impressão de que a família é terra de ninguém, onde qualquer um pode entrar, pegar, arrancar, devastar, levar embora...
Ou como um campo devastado, cheio de destroços e com muitos feridos! Pobre família, tão maltratada e desprestigiada... Ao mesmo tempo, tão cobrada para assistir os órfãos de afeto, os abandonados pela sociedade dos fortes e eficientes, as vítimas do desmantelamento da própria família, esse primeiro bem, que Deus pensou para as pessoas!
O papa Francisco, ao abrir o Sínodo, no dia 05 de outubro, tomou a parábola do Evangelho sobre os “vinhateiros homicidas” (cf Mt 21,33-43), para dizer que a família é um bem precioso, que Deus confiou a todos os “administradores” e responsáveis da sociedade:
Todos devemos tomar conta, com muito carinho, não deixando que seja devastada por invasores e assaltantes mal intencionados...
Será que é a família que tem que mudar, ou são nossas atitudes em relação à família que precisam mudar?
A verdade é que a família vem sendo desconfigurada há muito tempo; atualmente, parece que se chegou num momento crucial, estando em crise a própria identidade da família.
É o caso recomeçar pelo mais essencial no casamento e na família:
o amor sincero e generoso, a confiança nos sentimentos bons, a fidelidade aos propósitos assumidos, a firmeza na edificação do projeto comum, a alegria partilhada, a disciplina da virtude, a fé em Deus...
Para o futuro da família, é bem isso que vai continuar, pois está na própria base da família.
E que Deus continue a abençoar esta obra do seu amor!
Firme na fé e fiquem com Deus.
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