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sábado, 13 de dezembro de 2014

Correio MFC Brasil

Mensagem para Dia Mundial da Paz
Papa condena escravidão


Francisco pensa na realidade de pessoas submetidas a várias formas de escravidão moderna / Foto: L'Osservatore RomanoFrancisco pensa na realidade de pessoas
submetidas a várias formas de escravidão moderna

Francisco pede leis justas e esforço comum para acabar com a escravidão à qual milhões de pessoas ainda são submetidas

O Vaticano publicou a mensagem do Papa Francisco para o 48º Dia Mundial da Paz, que será celebrado em 1ª de janeiro de 2015. No texto, que tem como tema “Já não escravos, mas irmãos”, o Pontífice aborda as causas da escravidão bem como as formas de solucioná-la, o que envolve um esforço comum para globalizar a solidariedade.
O Papa diz que a sociedade conhece a escravidão há muito tempo, tendo passado por períodos em que o fenômeno foi admitido e até regulamentado. E embora hoje a liberdade de cada pessoa tenha sido reconhecida no direito internacional, milhões de pessoas continuam privadas desse direito e vivem em condições semelhantes à da escravidão.
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Como exemplo, o Pontífice cita trabalhadores escravizados em diversos setores, migrantes que sofrem com condições desumanas, pessoas submetidas à prostituição, mulheres forçadas a se casar, menores e adultos que são objeto de tráfico de pessoas e de órgãos, bem como nos que são sequestrados e mantidos em cativeiro por grupos terroristas.
As causas da escravidão também são citadas pelo Papa na mensagem: pobreza, subdesenvolvimento exclusão, falta de acesso à educação, escassez ou inexistência de emprego, conflitos armados, criminalidade e o terrorismo. O Pontífice não deixa de mencionar como causa pessoas corruptas que estão dispostas a tudo para enriquecer.
“Na realidade, a servidão e o tráfico das pessoas humanas requerem uma cumplicidade que muitas vezes passa através da corrupção dos intermediários, de alguns membros das forças da polícia, de outros atores do Estado ou de variadas instituições, civis e militares”.
Apesar da indiferença que perpassa esse fenômeno, o Pontífice lembra o trabalho silencioso de muitas congregações religiosas em prol das vítimas. Ele defende que, assim como as organizações criminosas usam redes globais para alcançar os seus objetivos, é preciso um esforço comum de toda a sociedade para vencer a escravidão.
“Os Estados deveriam vigiar para que as respectivas legislações nacionais sobre as migrações, o trabalho, as adoções, a transferência das empresas e a comercialização de produtos feitos por meio da exploração do trabalho sejam efetivamente respeitadoras da dignidade da pessoa”.
Francisco pede ações de fraternidade em prol dos que são mantidos em estado de servidão, mesmo que seja com pequenos gestos no cotidiano, como oferecer um sorriso a uma pessoa que pode estar vivendo essa realidade.
“Lanço um veemente apelo a todos os homens e mulheres de boa vontade e a quantos, mesmo nos mais altos níveis das instituições, são testemunhas, de perto ou de longe, do flagelo da escravidão contemporânea, para que não se tornem cúmplices deste mal, não afastem o olhar à vista dos sofrimentos de seus irmãos e irmãs em humanidade, privados de liberdade e dignidade, mas tenham a coragem de tocar a carne sofredora de Cristo”.
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Francisco reza para que as pessoas saibam resistir à tentação de se comportar de forma não digna de sua humanidade. Na sua primeira mensagem para o Dia Mundial da Paz, o Papa já havia mencionado o respeito à dignidade, liberdade e autonomia do homem como aspecto fundamental para o seu desenvolvimento.
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O Movimento Familiar Cristão assume uma missão profética de levar o evangelho às famílias, em seu contexto vivido diante das injustiças, violação dos direitos humanos e exclusão social, que ameaçam a vida em toda a sua extensão.

Missão profética
Jorge Leão*
Sobre a atuação com os jovens, o Brasil está caminhando para um trabalho de maior envolvimento com os grupos existentes. O crescimento e o maior compromisso em assumir esta causa tem possibilitado um diálogo mais estreito entre os diversos grupos existentes no MFC. Ainda precisamos, entretanto, avançar a nucleação, sobretudo em realidades de difícil acesso.
O contexto sociopolítico e econômico em que vivemos atualmente envolve muitos desafios, dentre eles como atuar de modo transformador em um estado de grave crise global de valores éticos e culturais. Este constitui o grande desafio do caminhar dos jovens em seu protagonismo eminente. A economia de mercado, voltada para o enriquecimento das grandes corporações transnacionais, traz como impacto socioambiental uma lastimável condição de agressões globais e aumento da miséria e do desemprego, fabricados sobretudo pela máquina de exclusão social que se constitui o processo de mundialização do capitalismo. Como afirma Santos (2002, p. 23), "a globalização é, de certa forma, o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista".
Diante deste panorama, como colocar-se a partir da máxima evangélica: "Eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância" (Jo 10, 10)? Em nossas comunidades, como é possível observar a negação da vida? E os processos de afirmação? Falar em protagonismo da juventude implica, pois, em assumir a missão de anunciar a vida e denunciar o mecanismo de empobrecimento a que estão sujeitas as famílias latino-americanas, assim também como em outras regiões do globo, que sofrem o mesmo processo de massacre econômico.
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Devemos lutar por um mundo justo, e tal decisão nos exige renunciar a todo fator desagredador da vida plena, como a busca exacerbada pelo ter, o consumismo, a violência no campo e nas cidades e a exploração do trabalho humano pela máquina capitalista. Segundo Boff, "o modelo de sociedade e o sentido de vida que os seres humanos projetaram para si, pelo menos nos últimos 400 anos, estão em crise".
Diante deste diagnóstico, trata-se de levantar com urgência a causa preferencial por aqueles que permanecem excluídos, sem voz e vez, diante de um projeto cujo único empenho tem sido o acúmulo de bens materiais nas mãos de aproximadamente 20% da população mundial, enquanto os outros 80% permanecem fora do processo de repartição desigual da riqueza produzida. A frase memorável de Gandhi nunca esteve tão atual: "a terra é suficiente para todos, mas não para a voracidade dos consumistas".
Os compromissos que devemos assumir se alicerçam no fundamento evangélico do amor: "amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15, 12). Desse modo, o primeiro passo deve ser estar em sintonia com o mandamento incondicional do amor, pois, de maneira irrestrita, ele abraça a todos e a todas de maneira única, não fazendo distinção de etnia, credo, sexo, condição social, ideologia etc.
O desafio da "centralidade do amor" (Boff, 2003, p. 105), nos lança para a perspectiva do encontro, como princípio fundamental de nossa ação comunitária. Vale ressaltar a reflexão do filósofo contemporâneo Hans Jonas: "age  de tal maneira que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma vida autenticamente humana".
Por consequência, julgar a realidade à luz do evangelho significa acolher e abraçar o diferente, como proclama a parábola do bom samaritano (cf. Lc 10, 29-37). O pilar de toda ética é o movimento da liberdade humana no mundo. Somos livres para decidir que rumo tomar. O que justifica o samaritano não é sua condição enquanto próximo do homem caído, mas vê-lo como seu semelhante.
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Este é o risco de assumir a causa do empobrecido, caído, marginalizado, esquecido, discriminado. Acolher o outro como ele é, não como nós projetamos que ele seja.
Ser jovem missionário é por isso compreender o porquê de sua missão no mundo. Como Jeremias (cf. Jr 1, 4-12), sentir-se chamado é abraçar a voz do alto como projeto de mudança pessoal e cósmica. A caminhada impõe da vida a via da adesão. A força do amor constitui o alimento diário, por isso vale a pena entregar-se ao chamado de Deus.
Se queremos ver um mundo transformado pelo amor, é preciso que nos lancemos ao projeto de Deus, que é a implantação de uma nova terra, alimentada pelo sonho do pão partilhado, fruto da justiça. Esta opção traz consequências ao nosso caminho. Corresponde à utopia de Isaías (cf. Is 65, 25), em que "o lobo e o cordeiro pastarão juntos".
O mundo materialista em que vivemos não aceita este caminho. De um mundo amparado pela hipertrofia do individualismo, somente a revolução do amor reverterá a situação em que nos encontramos, pois não é projeto de Deus o sofrimento de seus filhos, causado pelos males da concentração de riqueza nas mãos de poucos. O egoísmo está na raiz do pecado social de que é vítima grande parte da humanidade no mundo de hoje.
Por isso, nosso compromisso é assumir a causa da justiça. Sem ela, qualquer movimento, inclusive a caminhada das igrejas e do MFC, perdem seu sentido maior de ser no mundo. Na história, com o povo em comunhão, o processo da justiça passa a ser uma realidade. Como bem nos lembra Boff, "tal utopia deve realizar-se num processo histórico que tente dar corpo ao sonho e construir passo a passo os mil passos que o caminho exige".
*Professor de filosofia, membro do MFC de São Luiz, MA.


É uma novidade cuja importância simbólica não é nada insignificante. O Papa Francisco autorizou as comunidades católicas orientais espalhadas em diáspora (isto é, fora do seu berço no Oriente Médio) a poderem dispor de padres casados.
Papa autoriza padres casados orientais no Ocidente

Padre anglicano casado convertido
ao catolicismo e sua família
Até agora, Roma obrigava essas comunidades da diáspora (maronitas, caldeus, melquitas etc.) a recorrerem a padres celibatários das suas respectivas Igrejas, já que se encontram em territórios onde só existem padres celibatários na Igreja (EuropaOceaniaAmérica e África).
Assim, o papa acaba com a ideia de que, no Ocidente, não é oportuno que os fiéis das Igrejas católicas de rito latino "vejam" padres casados entre os seus irmãos católicos das Igrejas orientais. A decisão do papa foi tomada no dia 13 de dezembro de 2013, em uma audiência com o cardeal Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, mas foi posta por escrito apenas no dia 14 de junho de 2014.
Ela põe fim em uma longa polêmica que começou em torno de 1880 nos Estados Unidos. Na época, os bispos católicos latinos haviam se insurgido contra a presença de padres casados entre os emigrados da Igreja católica rutena (da Ucrânia ocidental), e isso havia levado à sua proibição em 1890, depois à proibição categórica de ordenar homens casados naquela Igreja, em 1930. Em seguida, 200 mil fiéis passaram para a Igreja Ortodoxa.
Paralelamente, um decreto romano de 1929 proibira a presença de padres casados em todas as Igrejas orientais na América do Norte e do Sul, no Canadá e na Austrália, e a medida havia se estendida ao território da Europa ocidental.
Nestes últimos anos, o problema havia surgido novamente na Congregação para as Igrejas Orientais e também na Congregação para a Doutrina da Fé, como explica o decreto publicado em junho passado, que cita a possibilidade de exceções, permitidas por vontade de Bento XVI.
Com efeito, as Igrejas não tinham mais os meios para fornecer padres celibatários às suas respectivas diásporas. A questão havia sido abordada durante o Sínodo para o Oriente Médio em 2010, em especial mediante o arcebispo de ParisAndré Vingt-Trois, que pedia um abrandamento da prática.
No seu decreto de 14 de junho de 2014, o cardeal prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais especifica que a situação também devia evoluir por causa das novidades introduzidas pelo motu proprio Anglicanorum Coetibus de 2009, que autorizava, nos territórios das Igrejas latinas, a presença de ordinariatos (diocese não territoriais) onde atuam padres casados convertidos do anglicanismo que foram ordenados padres católicos.
Assim, tornava-se impossível continuar legitimando a não presença de padres casados em territórios canônicos "latinos".Pode-se interpretar essa decisão de Francisco como uma vontade de abrir o arquivo da ordenação de homens casados para a Igreja latina, não só ex-ministros do culto protestante ou anglicano (já são diversas centenas).
Em maio passado, o papa declarara que "a porta estava sempre aberta", quando ele tinha sido perguntado sobre o celibato dos

Com esposa e filho, padre casado convertido do anglicanismo para catolicismo
padres no avião que o trazia de volta da Terra Santa a Roma.
Segundo a interpretação mais plausível, não se trataria de autorizar os padres celibatários a se casarem, mas da possibilidade de ordenar homens casados de fé comprovada (viri probati), uma hipótese regularmente evocada.
Interrogado por um bispo brasileiro, no ano passado, o papa teria respondido que cabia à base fazer propostas a esse respeito. Uma visão coerente com a vontade do papa de dar às Igrejas locais uma autonomia doutrinal (cf. Evangelii gaudium, n. 35-37), mas que não prevê a ideia segundo a qual tal decisão deveria ser elaborada no nível da Igreja universal, por ocasião de um eventual Vaticano III ou no marco de um Sínodo romano.
(A reportagem é de Jean Mercier, publicada no sítio da revista La Vie, 18-11-2014.  A tradução é de Moisés Sbardelotto)

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