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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Correio MFC 359


http://elclarin.cl/web/images/stories/2012/noviembre/palestina_gaza_4.pngPAZ na casa de Abraão
Gaza-Logo sul
Pernille Ironside, chefe do Escritório da Unicef em Gaza, informou que quase 400 crianças morreram e 2500 ficaram feridas pelos bombardeios http://images.solopos.com/2012/11/1811serangan-udara.jpg 
Uma das mais belas palavras em hebraico é shalom. Tem como seiva um lamedprofundo, como as árvores frondosas da Galileia. E as raízes cheias de vigor, onde se enlaça o mem. Como a árvore de Martin Buber. Palavra milenar que os lábios dos justos evocam de geração a geração. Não abandonemos nossa casa, semita, de que todos fazemos parte, judeus, cristãos e muçulmanos, filhos da mesma sede de Abraão, Moisés e Ismael. Somos a letra shin, dois ramos de um mesmo tronco. Pensemos no martírio de Yitzhak Rabin, e em nome dessa mesma paz, vamos dizer juntos um NÃO às mortes em Gaza e em Israel, venham de onde vierem. Esta é a vocação de Israel, da Palestina e de todos os descendentes de Abraão. Viva a paz. Permaneçamos juntos.

Alexandre Leone - Bruno Cattoni - Camila Pitanga - Carlos Mesters - Carlos Rodrigues Brandão - Cezar Kuzma 
Cláudio de Oliveira Ribeiro - Clodovis Boff - Chico Pinheiro - Clarice Niskier - Cleo Pires - Cristina Pereira 
David Bogomoletz - Dira Paes - Dom Erwin Kräutler - Edson Fernando de Almeida - Eduardo Guerreiro Losso 
Edward Neves M.B. Guimarães - Elias Wolff - Elisa Rodrigues - Emerson Sena da Silveira - Emílio Lèbre La Rovere  Faustino Teixeira - Fernando Altemeyer Junior - Flávio Alves Barbosa - Flávio Augusto Senra Ribeiro - Francisco Bosco Frei Betto - Gilbraz Aragão – Helio Amorim - Inácio Neutzling - Ivo Lesbaupin - Jaime Alem
Jimmy Sudário Cabral - José María Vigil - José Oscar Beozzo - Jurandir Freire Costa - Leonardo Boff - Luiz Carlos Susin - Luiz Eduardo Wanderley - Marcelo Ayres Camurça - Marcelo Barros - Marcelo Timotheo - Márcia Miranda 
Marco Lucchesi - Marcos Palmeira - Marcus Reis Pinheiro - Maria Clara Luccheti Bingemer - Maria Helena Arrochellas 
Maria Teresa Bustamante - Mariângela Belfiore Wanderley - Mozart Noronha - Olinto Pegoraro - Paulo Agostinho Nogueira Baptista - Paulo Suess - Pierre Sanchis - Priscila Camargo - Regina Novaes - Remi Klein - Ricardo Mário Gonçalves - Ricardo Paz - Ricardo Rezende Figueira - Rogério Valle - Tereza Maria P. Cavalcanti - Volney Berkenbrock
Wagner Moura - Xico Teixeira


PA São Paulo (SP) 24/08/2011.Entrevista com Frei Betto.Na Foto Frei Betto fala sobre seu novo livro e governo Dilma.Foto Marcos Alves/Agencia O Globo. Foto: Marcos Alves / Agência O GloboFrei Betto

Como uma história bíblica pode inspirar a Igreja no Sínodo da Família, que, em outubro, deve discutir questões candentes

A mulher ‘promíscua’

O Papa Francisco convocou, para outubro, o Sínodo da Família. Dom Damasceno, cardeal arcebispo de Aparecida (SP), será um dos presidentes da reunião destinada a atualizar a pastoral da Igreja Católica em relação ao tema.
A família, tal como a conhecemos hoje, é uma instituição recente, filha da  modernidade. Hoje, novas formas de união conjugal e a frequência de recasamentos obrigam a Igreja a rever conceitos e atitudes.
A argentina Jaquelina Lisbona, há 19 anos casada com um divorciado, foi proibida de comungar no dia da crisma de suas filhas, na cidade de São Lorenzo, porque o marido, Julio Sabetta, já havia sido casado anteriormente. O pároco disse que, por mais que ela se confessasse, ao retornar à casa estaria de novo em pecado...
Jaquelina, em setembro de 2013, enviou carta ao papa Francisco. Perguntou o que fazer, já que, para ela, não faz sentido participar da missa sem receber a eucaristia. Não tinha a menor esperança de merecer uma resposta.
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“Há padres mais papistas que o papa...” diz Francisco
Em abril, o telefone tocou na casa de Jaquelina; do outro lado da linha, a voz se identificou: “aqui fala o padre Bergoglio”. Após se desculpar pela demora em lhe responder, o Papa disse que ela “está livre de pecado” e deve comungar “tranquilamente” em outra paróquia, para não causar atrito com o padre que lhe negou o sacramento.
“Há padres mais papistas que o Papa”, disse Francisco. E acrescentou que também Julio, seu marido, poderia comungar: “O divorciado que comunga não está fazendo nada de mau.”
Há tempos, na TV alemã, o entrevistador perguntou a um bispo se daria comunhão a um divorciado. O prelado disse que não. Indagou, em seguida, se o faria a uma mulher que tivesse trocado cinco vezes de marido e, agora, vivesse com um sexto homem que não era seu marido.
O bispo, com uma expressão indignada, frisou que tal mulher procedia de modo contrário à vontade de Deus e às leis da Igreja. “Uma promíscua não tem o direito de se aproximar da eucaristia”, exclamou.
O entrevistador sorriu qual pescador que vê o cardume cair na rede e comentou: “Esta ‘promíscua’, que o senhor exclui da salvação, é a samaritana que Jesus encontrou à beira do poço de Jacó, de acordo com o capítulo 4 do Evangelho de João.” Pego no laço, o bispo se retirou da entrevista.
Uma das características da espiritualidade de Jesus é o antimoralismo. Em nenhum momento ele acusou a samaritana, cuja má fama conhecia, de devassa ou a aconselhou a pôr fim à sua rotatividade conjugal. Ao contrário, percebeu ali um coração sedento de amor e a elogiou por dizer a verdade. E a ela se revelou como o Messias.
A samaritana, embevecida, voltou à cidade para anunciar que encontrara Aquele que era o esperado. O que significa que ela foi, de fato, a primeira apóstola.
O Sínodo da Família deverá debater questões candentes, como divórcio e união entre pessoas do mesmo sexo. E comprovar que a Igreja é mãe, e não a bruxa retratada em histórias para crianças.


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Família será o tema
Helio Amorim
Vai acontecer em Roma o sínodo sobre Família em outubro. Em preparação a esse mergulho na realidade das famílias concretas, até agora ideologizada nos modelos tradicionais em crise, circulou mundo afora um extenso questionário do Vaticano com dezenas de perguntas provocativas a serem respondidas, não somente mas de preferência por leigos, especialmente leigos casados.
No Brasil há algo não claramente explicado nessa consulta inédita de autoridades eclesiásticas aos leigos de todo o planeta, circulando em sete idiomas, no final do ano passado. Pesquisamos entre movimentos de leigos e constatamos um estranho desconhecimento generalizado sobre a pesquisa nas suas bases.
Recentemente, acessamos no site o extenso documento em que o Vaticano sintetiza, com isenção, as respostas recebidas. É uma peça de fôlego e será o documento de trabalho do sínodo, enviado a todos os padres sinodais para que o estudem com antecedência, com lideranças leigas e religiosas, e se sintam seguros para opinar e votar. São esperadas mudanças de atitudes da Igreja frente a questões que não podem ser fechadas e práticas que se mostram excludentes, afastando cristãos da vida eclesial. O documento-síntese acolhe tendências e propostas de mudanças em posturas eclesiásticas tradicionais. Remete a revisões de orientações doutrinárias e pastorais ainda vigentes.
Como simples exemplos, o que ocorre na questão do divórcio e novo casamento dos divorciados. Vivem uma situação juridicamente regular, embora não acolhidos como tal pela Igreja, que não reconhece o vínculo sacramental, vedando-lhes o acesso à eucaristia. Pode chegar a um terço os casamentos que terminam em separações informais ou divórcios legais e têm filhos em segunda união.
Não tem sido expressivo o resultado dos discursos sobre a fé no âmbito das famílias que se assumem como cristãs. As diferenças culturais entre as gerações no mundo moderno tornam extremamente difícil essa transmissão de conceitos sobre casamento e família na visão integral dos cristãos adultos na fé.
O desafio de hoje é a criação e manutenção de um modelo de relacionamento parental amoroso e respeitoso, sem imposições autoritárias, mas de transmissão de valores humanos e cristãos, sendo o adulto capaz de acolher as diferenças e entender o ritmo normal de maturação do adolescente e do jovem, sem criar barreiras para chegar à etapa de relações adultas entre pais e filhos.
O desdobramento dessa vivência intrafamiliar será o desafio de atuação social e política de seus membros para colaborar na construção de um mundo mais justo e solidário como prenúncio do Reino, assim na terra como no céu.

Fatos do cotidiano
O juiz e o professor
O juiz Eliezer Siqueira de Sousa Junior, da 1ª Vara Cível e Criminal de Tobias Barreto, no interior do Sergipe, julgou improcedente um pedido de indenização que um aluno pleiteava contra o professor que tomou seu celular em sala de aula. De acordo com os autos, o educador tomou o celular do aluno, pois este estava ouvindo música com os fones de ouvido durante a aula.
O estudante foi representado por sua mãe, que pleiteou reparação por danos morais diante do "sentimento de impotência, revolta, além de um enorme desgaste físico e emocional".
Na negativa, o juiz afirmou que "o professor é o indivíduo vocacionado a tirar outro indivíduo das trevas da ignorância, da escuridão, para as luzes do conhecimento, dignificando-o como pessoa que pensa e existe”. O magistrado se solidarizou com o professor e disse que "ensinar era um sacerdócio e uma recompensa. Hoje, parece um carma".

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