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terça-feira, 19 de agosto de 2014

Correio MFC Brasil 369


Nasci em Tel Aviv em 1944, de mãe e pai judeus, cuja família foi praticamente exterminada pelos na­zistas. Vivo há anos no Brasil, país que deveria ser valorizado pelo exemplo de convivência harmonio­sa, não só entre árabes e judeus, mas entre comunidades de diversas origens religiosas e nacionais.
A responsabilidade de Israel
Oded Grajew*
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A Faixa de Gaza é uma minúscula parte do território da Palestina nas margens do Mar Mediterrâneo, separadas geograficamente por território israelense
Nos primeiros anos do Estado de Israel (criado em 1948), os kibutzim - cooperativas onde ninguém acumula bens pessoais e todos compar­tilham da mesma forma os deveres e os benefícios da comunidade e tu­do é decidido coletivamente — fo­ram a base da atividade econômica nos territórios do novo país.
Lembro-me que a vida era difícil, mas havia um enorme espírito de solidariedade entre as pessoas e as famílias. Meus pais dividiam um pe­queno apartamento (onde nasci) com casal de amigos e sempre me falaram que foram os anos mais felizes de suas vidas. Foi uma infân­cia muito feliz para mim também. Hoje Israel tem uma economia capitalista que gerou muita riqueza (o pais tem uma das maiores rendas per capita do mundo), mas, ao mesmo tempo muita desigualdade. A competição passou a ser a cultura dominante e os poucos kibutzim que sobraram são compostos basicamente por pessoas que escolheram um modo de vida mais solidário e menos materialista.
Um dos meus maiores sonhos é presenciar a paz entre Israel, os pa­lestinos e os países árabes. Infeliz­mente o novo conflito, de trágicas consequências humanas, torna es­se sonho ainda distante. De novo, cada lado joga a culpa no outro. To­dos são responsáveis, mas conside­ro que a responsabilidade de Israel é maior, não por querer questionar as inúmeras justificativas que usa para defender suas ações, mas pe­lo fato de ser o mais forte.
Israel é de longe o país mais for­te militarmente e economicamente da região e tem como aliado incon­dicional os Estados Unidos, a maior potência mundial. O mais forte, em qualquer circunstância, deveria ter maior responsabilidade.
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A contrapartida do poder é a responsabilidade. É assim com os adul­tos que deveriam ter muita respon­sabilidade com as crianças (suas e dos outros), os ricos em relação às pessoas mais pobres e carentes, a sociedade em relação aos idosos, os países prósperos e fortes em rela­ção aos mais vulneráveis, os políti­cos com seu povo.
É dessa forma que se pratica a solidariedade, a jus­tiça e os mandamentos do judaís­mo, cristianismo e islamismo.
O mais forte deveria ser exemplar, servir de referência e ser o mais so­lidário, ousado e generoso. O mais forte, em nenhuma circunstância, deveria usar a sua força para agre­dir e destruir o mais fraco, mesmo quando agredido. Não quero entrar na discussão interminável e inútil de quem tem mais razão. A que tem servido a lógica do olho por olho, reagir à violência com mais violên­cia? Apenas para alimentar o ódio, gerar matanças e inviabilizar a paz.
Israel, o país mais poderoso da região, poderia recuperar os ideais e o espírito de solidariedade e gene­rosidade de seus primeiros anos.
Assim teria a grandeza de quebrar o inútil ciclo da violência e não usar toda a sua força e seu poder para matar e destruir, mas para se empe­nhar tenazmente, para perseguir até obter a paz na região.
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ODED GRAJEW, 70, é coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, presidente emérito do Instituto Ethos e idealizador do Fórum Social Mundial. Foi presidente da Fundação Abrinq e assessor especial da Presidência da República (governo Lula)

Selma Amorim
+ 2012
Composição
vegetais e minerais
20 x 100 cm

Para fazer valer*

Lei da Ficha Limpa pela primeira vez será utilizada em um processo ampliado de eleições. A luta para ver a lei como matéria viva foi longa até chegar à sanção há quatro anos. Mobilizar 1 milhão e 300 mil pessoas em torno de uma ideia transformada em anteprojeto, manter o olhar vigilante para a matéria percorrer os espaços labirínticos exigidos dentro de um Congresso Nacional em grande conflito diante da possibilidade de o gesto virar lei exigiu muito fôlego e determinação simbolizados na articulação nacional erguida por meio do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). (...)
A Lei da Ficha Limpa faz a primeira performance nestas eleições e esse é um grande motivo de animação diante da perplexidade acomodada com a política.
Tem-se a chance de um bom embate nas formas de interpretação do que é legal, moral e legítimo na arte de fazer política e campanha eleitoral no Brasil.
Os comitês pelo voto ético ora em fase de montagem, as turmas das redes sociais comprometidas com pautas vinculadas a uma plataforma de boas mudanças e os grupos de cristãos leigos convocados pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil a serem "sal da terra” e "luz do mundo” formam uma frente alimentadora de esperança. (...)
A Lei da Ficha Limpa carrega o espírito dos que querem romper com o acordo pró-corrupção. O enfrentamento é duro e é desigual como o é toda batalha travada pela democracia e pelo aprimoramento da cidadania.
*Texto condensado de artigo de Vânia Vieira, jornalista, articulista do jornal A CRÍTICA em Manaus, professora no curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Amazonas (Ufam)

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