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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Correio MFC Brasil


Tanto no casamento como na família ou no trabalho, é comum que as pessoas vivam desencontros ou desentendimentos e, ainda, experimentem contradições dentro de si mesmas, ou com grupos da sociedade. A estas experiências costumamos dar o nome de conflitos.
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Desentendimentos & Conflitos
Deonira L. Viganó La Rosa
Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia.
O conflito é normal. É neutro. Faz parte de qualquer sistema vivo que cresce e se desenvolve. Ora, a família também é um sistema formado por pai-mãe, filhos, irmãos, avós, sobrinhos... inserido em outro sistema – a sociedade. Da interação entre os membros dentro da família e destes com os grupos fora da família resultam mudanças. Aqueles que mudam vão pressionar os que ainda não mudaram.
Estes vão reagir para conservar-se como estão. Então, surgem forças contrárias: ação-reação. Surgem os conflitos. E quanto mais diversidade, mais conflitos.

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Negação do conflito
Negar o conflito é viver fora da realidade, não encarar os fatos, idealizar a própria vida. É desejar a unanimidade e negar as diferenças. É não permitir a mudança, a evolução. É manter a ordem estabelecida por medo do desconhecido.
Negar o conflito pode indicar que uma das personalidades está se anulando frente à outra, ou uma é dominadora, não permitindo a discordância. É uma maneira de defender-se do questionamento dos outros.
É como ter a paz dos cemitérios, onde não há vida e crescimento, não existe o tempo.
Conflitos trazem vantagens ou desvantagens dependendo de como são administrados.
Como vantagens, podemos dizer que as oposições ajudam a construir a identidade; colaboram para que a pessoa perceba que não é dona da verdade, ajudam-na a reconhecer que o outro é diferente e não é feito de massa de modelar. Oportunizam examinar a própria imagem, assim como o outro a vê. Permitem revelar a face escondida, sobretudo permitem a evolução, o crescimento, a mudança. O outro não poderia revelar-se como é se não houvesse afrontamento e não poderíamos conhecê-lo.
Conflitos mal resolvidos podem levar à fadiga e provocar separação. A violência é um risco: uma das pessoas reage de maneira desmedida e usa todo tipo de palavra violenta e até a violência física. A recusa ao diálogo afasta as pessoas em conflito.
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Resolver os conflitos
A capacidade de resolver os conflitos é uma capacidade social essencial para a construção da paz e para poder levar uma vida útil, caracterizada por relações sinceras e solidárias.
A prática da tolerância é fundamental. É preciso conhecer e usar alternativas de solução para enfrentar os conflitos. Libertar-se do paradigma ganhar-perder e fortalecer o paradigma cooperar. Controlar as próprias emoções.
Certos comportamentos aguçam ou amenizam os conflitos
Culpar o outro e lembrar seus erros do passado; comandar; ameaçar, assustar; desvalorizar, desconfirmar; guardar ressentimento; ter baixa autoestima; sentir-se ameaçado pelo diferente e inusitado, são comportamentos que aguçam conflitos.
Perguntar-se: o que nos afasta? O que nos aproxima?
Ao invés de gritar, falar o que se sente e ouvir as necessidades do outro; não tentar fazer o outro entender do jeito que você entende; falar sem culpar; não demonstrar desprezo; não fazer chantagem; não interromper o outro e nem discutir em lugares públicos, são posturas recomendadas para que o conflito se torne um aliado e não um acelerador de rompimentos.


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As várias causas e formas atuais de escravidão
Extraído da Mensagem do papa Francisco para a Jornada Mundial da Paz
Sendo o homem um ser relacional, destinado a realizar-se no contexto de relações interpessoais inspiradas pela justiça e a caridade, é fundamental para o seu desenvolvimento que sejam reconhecidas e respeitadas a sua dignidade, liberdade e autonomia.Infelizmente, o flagelo generalizado da exploração do homem pelo homem fere gravemente a vida de comunhão e a vocação a tecer relações interpessoais marcadas pelo respeito, a justiça e a caridade.
Tal fenômeno abominável, que leva a espezinhar os direitos fundamentais do outro e a aniquilar a sua liberdade e dignidade, assume múltiplas formas sobre as quais desejo deter-me, brevemente, para que, à luz da Palavra de Deus, possamos considerar todos os homens, «já não escravos, mas irmãos».
Hoje como ontem, na raiz da escravatura, está uma concepção da pessoa humana que admite a possibilidade de a tratar como um objeto. Quando o pecado corrompe o coração do homem e o afasta do seu Criador e dos seus semelhantes, estes deixam de ser sentidos como seres de igual dignidade, como irmãos e irmãs em humanidade, passando a ser vistos como objetos. Com a força, o engano, a coação física ou psicológica, a pessoa humana – criada à imagem e semelhança de Deus – é privada da liberdade, mercantilizada, reduzida a propriedade de alguém; é tratada como meio, e não como fim.

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Juntamente com esta causa ontológica – a rejeição da humanidade no outro –, há outras causas que concorrem para se explicar as formas atuais de escravatura. Entre elas, penso em primeiro lugar na pobreza, no subdesenvolvimento e na exclusão, especialmente quando os três se aliam com a falta de acesso à educação ou com uma realidade caracterizada por escassas, se não mesmo inexistentes, oportunidades de emprego.
Não raro, as vítimas de tráfico e servidão são pessoas que procuravam uma forma de sair da condição de pobreza extrema e, dando crédito a falsas promessas de trabalho, caíram nas mãos das redes criminosas que gerem o tráfico de seres humanos. Estas redes utilizam habilmente as tecnologias informáticas modernas para atrair jovens e adolescentes de todos os cantos do mundo.
Entre as causas da escravatura, deve ser incluída também a corrupção daqueles que, para enriquecer, estão dispostos a tudo. Na realidade, a servidão e o tráfico das pessoas humanas requerem uma cumplicidade que muitas vezes
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passa através da corrupção dos intermediários, de alguns membros das forças da polícia, de outros atores do Estado ou de variadas instituições, civis e militares.
«Isto acontece quando, no centro de um sistema económico, está o deus dinheiro, e não o homem, a pessoa humana.
Sim, no centro de cada sistema social ou económico, deve estar a pessoa, imagem de Deus, criada para que fosse o dominador do universo.
Quando a pessoa é deslocada e chega o deus dinheiro, dá-se esta inversão de valores».


As expressões da sexualidade são formas múltiplas de comunicação e linguagem do amor conjugal. Certos aspectos físicos e psicológicos dessas expressões da sexualidade não podem ser desprezados. São, mesmo, capazes de influir sobre o dinamismo das relações afetivas, que se vai desenvolvendo ao longo da vida conjugal.
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O diálogo da sexualidade
Helio Amorim*
Muitos casais não têm conseguido viver, em toda a sua amplitude, a ale­gria transbordante que poderiam en­contrar em suas relações sexuais. O amor que procuram exprimir não foi capaz de resolver algumas dificul­dades, muitas vezes nem identificadas com nitidez. Talvez nunca tenham chegado a se conhecer o suficiente para compreen­der e aceitar as peculiaridades psicoló­gicas do outro e as características de sua sexualidade.
Porque estas coisas são muito pes­soais e não obedecem a modelos, esse conhecimento profundo do outro é essencial. Às vezes, as diferenças de educação e as cargas hereditárias — com seus preconceitos e condicionamentos — criaram barreiras e bloqueios mais for­tes do que a boa vontade de vencê-los.
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Ou, quem sabe, mentalidades diferentes os levem a interpretar muitas vezes de modo errôneo, o sentido e o simbolismo dos gestos, das atitudes e dos comportamentos do outro, no ato sexual ou na sua preparação.
Por isso, a importância do diálogo do casal, para expressões mais perfei­tas da sexualidade. Um diálogo tranquilo e descontraí­do, aberto e sincero, levaria à supera­ção progressiva dessas dificuldades. Na medida em que ambos se revelassem mutuamente, com naturalidade, seus anseios ou frustrações, alegrias ou de­cepções. O silêncio conformista e o mutismo amargo são imperdoáveis, nessas situa­ções de desencontros sexuais.
Muitos que viveram essa alegria, em plenitude, numa fase gratificante de suas vidas, se perguntam hoje, perple­xos, o que lhes terá acontecido, tantas são as dificuldades que encontram para restabelecer a harmonia abalada ou perdida.
Talvez descubram que deixaram suas relações amorosas se desgastarem pela rotina, pelo cansaço dos gestos repetidos e pela falta de atenção. Ou por excesso de preocupações e pela dispersão de suas vidas entre tan­tos compromissos sociais e profissio­nais que não souberam dosar ou hierarquizar.
Mas, vamos reconhecer: as pressões que se exercem sobre o homem e a mulher são muito poderosas! Essas pressões podem condicionar o homem, por exemplo, a viver uma se­xualidade empobrecida, que reduz o ato sexual a uma fria e apressada rela­ção, comandada, precipitadamente, pelo simples mecanismo dos sentidos e desligada de qualquer conteúdo afetivo.
Não se sentindo envolvida por um clima densamente amoroso, a esposa se sente manipulada, reduzida a simples objeto sexual! E se mantém desinteressada e distante. Não é capaz de viver intensamente a sua sexualidade sem conexão com a sua vida afetiva.
Por isso, espera dele uma prolonga­da preparação psicológica e espiritual, marcada pela ternura e pelos gestos que exprimem afeto e dedicação. E cujo clímax natural será a expressão física sexual do amor conjugal.
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Estas e tantas outras possibilidades de desencontros, são fruto de pressões psicológicas, sociais e condicionamentos culturais que dificultam a construção de um autêntico encontro interpessoal. Suas causas devem ser identificadas e analisadas, com humildade, pelos que desejam, sinceramente, manter ou reconstruir o entusiasmo de viver e a alegria de estarem juntos.
Naturalmente, o diálogo é um grande instrumen­to nesta busca, talvez desgastado pela rotina da convivência, portanto imperioso resgatá-lo para recuperar esse entusiasmo do começo. Nunca é tarde para recomeços...

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