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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Correio MFC Brasil

EDITORIAL
Transição complicada como esperado

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Nomeações  ministeriais surpreendentes para atender parcerias pouco consistentes. Mais tortuosas, como já é tradição, são as centenas de nomeações para o segundo e terceiro escalões da república federativa, adjetivo que aponta para um universo de demandas de cargos federais por governadores e até prefeitos que amam as suas famílias, nas quais, asseguram, se
escondem modestamente personagens anônimos de excepcional talento para funções públicas.
Há também compromissos de campanha a levar em conta para retribuir a generosidade espontânea e desinteressada dos apoiadores. São amigos do peito e parentes talentosos que pleiteiam quatro anos de dedicação patriótica nos cargos em disputa. Dispõem de cacifes que consideram decisivos para o bom desempenho do governo reeleito, agradecido este pela inegável fidelidade dos parceiros, agora, candidatos a um quadriênio de poderes ou funções para os quais esbanjam talentos e currículos raros. Se tão especiais qualificações de seus postulantes não forem levadas em conta... não contem com apoios futuros porque “estou até aqui de mágoa, ... pode ser a gota d’água”...
Ora, os cargos nesses escalões operativos são estratégicos, de confiança, reservados a funcionários reconhecidamente honestos, de comprovada disposição e experiência para o trabalho, conhecedores das engrenagens que movem pessoas e ferramentas disponíveis em cada espaço em que devem atuar, contando com o apoio e fidelidade de seus colegas, independentemente de suas opções políticas ou compromissos partidários.
Desmontar esse quebra-cabeças exige talento e madura personalidade da presidente e ministros. Este é o momento propício, um kayrós a ser aproveitado nestas semanas iniciais da nova gestão, para uma mudança corajosa de paradigmas tradicionais. (H. A.)


Um depoimento passados 50 anos
Meu 1º de abril de 1964
Frei Betto e o Golpe de 64
Na data do golpe militar, eu participava em Belém (PA) do congresso latinoamericano de estudantes. Nunca havia vivido um golpe e, muito menos, uma ditadura. Meu pai, no entanto, sofrera sob o Estado Novo de Vargas, padecera prisão, e se vira obrigado a deixar o Rio e retornar a Minas ao assinar o Manifesto dos Mineiros.
Na capital paraense as notícias chegavam confusas e difusas. Pelas ruas, viaturas militares. Lideranças estudantis de outros países do Continente, já acostumadas a quarteladas, preferiram dissolver o congresso. Foi o salve-se quem puder...
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Como membro da direção nacional da Ação Católica, eu estava hospedado na residência do arcebispo Dom Alberto Ramos, a convite de seu bispo auxiliar, Dom Milton Pereira. Este era progressista; o outro, conservador.
Na noite do 1º de abril, vi na TV o arcebispo dar loas à Virgem de Nazaré por livrar o Brasil do comunismo, e sugerir que entre seu
clero havia quem sofresse influência marxista... Dom Milton aconselhou-me buscar refúgio fora dali. Fui para a casa de Lauro Cordeiro, militante da JEC (Juventude Estudantil Católica). Ali, de ouvidos colados ao rádio, tentávamos avaliar o que ocorria no Sudeste do país. Jango fora deposto e buscara exílio no Uruguai.
Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara dos Deputados, assumira a presidência da República sob tutela dos militares. Estes impunham novas eleições presidenciais a 11 de abril, pelo voto apenas de membros do Congresso Nacional que ainda não haviam sido cassados.
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Mas... cadê a resistência de toda aquela multidão que aplaudira Jango no megacomício de 13 de março, no Rio? E a militância do Partidão, onde se enfiara? A esquerda não bradava ser capaz de mobilizar milhares de trabalhadores em caso de ameaça de golpe? Por que as tropas comandadas pelo general Olímpio Mourão Filho vieram de Minas ao Rio sem se deparar com nenhum empecilho?
Nossos sonhos libertários se derretiam como os saborosos sorvetes da Tip Top, a mais famosa sorveteria da capital paraense. Após nove dias esperando a poeira baixar, decidi retornar ao Rio, onde morava.
Minha passagem aérea tinha sido cedida por Betinho, então chefe de gabinete do ministro da Educação, Paulo de Tarso dos Santos. Deparei-me com a agência da Varig repleta de pessoas afoitas por viajarem. Ao ser atendido, fui informado de que "estão canceladas todas as passagens de cortesia emitidas pelo governo anterior”. Sem dinheiro, me senti desamparado.
Na capa da passagem (outrora os bilhetes aéreos vinham encadernados) havia o carimbo de "Cancelado”. Rasguei a capa e estendi-a ao funcionário que avisava não ter mais assento vago em voos diretos para o Rio, a menos que o passageiro fizesse escala no Recife. Consegui embarcar.
dom helder câmara 02
Cheguei à capital pernambucana a 10 de abril, dia da posse de Dom Helder Câmara como arcebispo de Olinda e Recife. Ele havia sido o responsável pela minha transferência de Minas para o Rio e cuidava da manutenção do apartamento das direções da JEC e da JUC (Juventude Universitária Católica).
Talvez por captar minha aflição, Dom Helder, após a missa de
posse, deixou a recepção por alguns minutos para ouvir o relato do que eu presenciara em Belém. Em seguida, embarquei para o Rio, tomando assento ao lado de Dom Cândido Padin, bispo auxiliar do Rio e assessor nacional da Ação Católica.
Ao aterrissar no aeroporto Santos Dumont, o piloto avisou que todos deveriam permanecer a bordo, pois a Polícia Federal entraria para conferir a identidade de cada passageiro. Passei a Dom Padin todos os documentos do congresso de estudantes, temendo que fossem considerados subversivos. Ele os escondeu dentro do hábito beneditino.
Ao ingressar na aeronave, os policiais avistaram a figura episcopal: "O bispo pode desembarcar”, disseram. Todos os demais fomos identificados e revistados. Desembarquei ileso.
Na madrugada de 5 para 6 de junho de 1964, o apartamento da direção da Ação Católica foi invadido por agentes do CENIMAR (Centro de Informações da Marinha). Fomos todos arrastados para o Comando Naval, no centro do Rio, e depois encarcerados no quartel dos fuzileiros navais, na Ilha das Cobras.
A ditadura me atingira na pele, pela primeira vez, para mais tarde me prender por quatro anos (1969-1973) e cassar por dez meus direitos políticos.
Frei Betto é escritor, autor de "Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira” (Rocco), entre outros livros.

O amor nos toca a alma
Jorge Leão*
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É o único termômetro capaz de medir a temperatura do coração. Ao iniciar a sua jornada, ele nos convida ao toque mais sutil que podemos receber: a entrega gratuita.
Não incita à culpa, muito menos ao abandono. É aconchegante o seu ritmo, e suave o seu olhar. Quem se nutre com o tempero do amor, sabe que a vida não passa em vão. Todo mínimo movimento faz sentido, pois penetra fundo no vazio deixado pela noite mal dormida.
Como nos traços do artista, sua tela se renova a cada contorno. Sente-se bem por partilhar os momentos simples da vida: um abraço, uma palavra oportuna, um aperto de mão. Procura sintonia na melodia do silêncio, e confessa sua chegada como um beija-flor, discreto e belo.
Nada o afasta de seus sonhos. Alimenta-se com o néctar das flores do tempo. Sabe que precisa acalmar a tempestade do vazio deixado pela inconstância das marés. A todo momento permanece atento aos tormentos das enchentes, e sabe o momento de recuar para dar vazão à solitude.
Percebe-se aprendiz na escalada da vida e da morte. Encontra seu deleite no dar-se incondicional. Não receia esquecimento, pois sabe que a memória lembra o que desde o começo é eterno.
Ele toca a alma, e por isso nos conecta com a morada do que não pode caber em nenhum espaço. Pois morar é ser, e ser é um modo de respirar. Conforme a tua respiração, lá é a tua morada.
Rever o toque a cada dia é também aprender novamente a amar. E amar é não perder a magia da reconquista. Quem se permite rever seus passos, anda com mais serenidade na estrada da vida. Não há fim para quem inicia novos caminhos.
Há no reino do amor apenas uma perda: a entrega. Mas, quando se entrega por amor, nada se perde, pois a dádiva do amor é tocar o outro sem esperar retribuição. Por isso, a entrega amorosa, na verdade, não significa perda alguma. A não ser que chamemos de amor alguma coisa que precisa ser recompensada, o que já não seria mais amor.
Amar é, portanto, tocar além da medida. É andar com segurança sem precisar dizer que chegou. Amar é segredar ao outro o que mora no espaço da entrega. Amar é entregar o tesouro da alma, que não se mede, não se possui, apenas se dá, sem nada pedir em troca. Amar é sorrir com os lábios de Deus.
*Professor de Filosofia, MFC São Luiz – MFC

Frases para ler e guardar

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Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo.
Tente mover o mundo - o primeiro passo será mover a si mesmo.
Para ver muita coisa é preciso despregar os olhos de si mesmo
Tente mover o mundo - o primeiro passo será mover a si mesmo.
Mesmo desacreditado e ignorado por todos, não posso desistir, pois para mim, vencer é nunca desistir.
Para ver muita coisa é preciso despregar os olhos de si mesmo
Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta.
Há uma inocência na admiração: é a daquele a quem ainda não passou pela cabeça que também ele poderia um dia ser admirado.
A alegria que se tem em pensar e aprender faz-nos pensar e aprender ainda mais.

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