Ana Paula Madallozzo ( MFC Curitiba) |
Era uma vez um mundo muito, muito distante, que povoava lugares banhados por oceanos
longínquos. Águas cristalinas. Mansas. De um azul infinito. Era uma vez um mundo, muito,
muito perto, que povoava as esquinas em que habitam nossos vizinhos. Longe e perto.
Misterioso e conhecido. Encantado e real. Seres dos mais distantes aos mais próximos
vagavam de cá e de lá. Imaginação e realidade convivendo junto. Tudo neste mundo era bom.
Parece que no momento da criação, o Artista pensou nos mínimos detalhes, e todas as coisas
foram desenhadas de tal forma que nada poderia dar errado. Como o Artista era perfeito, seu traçado naturalmente foi formando cada criatura sem nadar repetir, sem nada copiar. Cada ser era único. Cores, cheiros, sabores, formas. Alguns voavam, outros nadavam. Alguns se aproximavam com mais facilidade, outros se escondiam e demoravam a se revelar. Manias. Pequenas manias. E as diferenças só aumentavam a beleza do mundo. Neste mundo fabuloso os astros não entravam em conflito, as lideranças eram alternadas e compartilhadas. Noite e dia não brigavam nunca. Cada um cedia gentilmente seu espaço para o outro. A harmonia revelava o quanto um precisava do outro. Não havia superioridade entre eles. Todos se sentiam úteis. O exagero não existia neste Mundo Fabuloso. A velha coruja contava de mundos que se acabaram destruídos pelos exageros. Nem falta, nem o excesso. O bom estava no equilíbrio. Simplicidade era norma que todos seguiam. Não era norma escrita. Fazia parte do crescimento deles. Se não fossem simples, não seriam tão felizes. O que fazia deste Mundo Fabuloso tão maravilhosos de se viver era a amizade que se expressava através da generosidade, da arte de se doar ao outro. E com a capacidade de dividir, de partilhar, se concretizava a comunhão. Eles sabiam partilhar. Pois, um brinquedo dividido com outra criaturinha se tornava uma expressão ainda mais bela do divertimento. Um lanche partilhado se tornava mais gostoso, mais saboroso, porque alimentava mais bocas mais corações. As alegrias e as experiências positivas divididas se multiplicavam, ao passo que as
dores e as dificuldades divididas diminuíam. Todos deste mundo carregavam consigo uma imensa bandeira que tinham orgulho de hasteá- la por onde passavam e nela estava bordado em letras douradas: Mundo Fabuloso da Comunhão, MFC. As criaturas partilhavam o sentimento de pertencer. Todos sabiam que
naquele mundo tudo era de todos e a eles pertencia. E por isso eles cuidavam, e cuidavam tanto. Não havia poluição. Nenhuma criatura era descriminada ou morta. Nenhum riacho era sujo. As tempestades trazendo raios e chuvas fortes eram bem vindas. Sim, pois todos tinham a certeza que a tempestade iria embora e as águas teriam cumprido sua missão e ao final da tormenta o terreno estaria fértil para um novo semear.
Era muito comum que as criaturas do mundo fabuloso se reunissem para conversar sobre algum tema. Essa era a forma que utilizavam para transmitir e receber informações, conhecimentos, saberes. Mensalmente os seres deste mundo se reuniam junto à forte e experiente figueira para participar das rodas de conversa. Conversas que muitas vezes não serviam para nada, mas serviam para tudo! Para alimentar o essencial. E o essencial é ser feliz. Compartilhar, comungar e fazer o bem. Não permitindo que picuinhas destruam a essência da vida. Coisinhas miúdas, sem importância, não podem tirar as criaturas do essencial. Periodicamente, lideranças de diferentes regiões deste Mundo Fabuloso combinavam de reunir-se. E desta vez a proposta era uma enorme integração, com data e local marcado, o grande seminário foi organizado. Tudo foi carinhosamente elaborado, com antecedência, para proporcionar, aos participantes, acesso aos tesouros que o Artista na hora da criação havia cuidadosamente detalhado em cada criaturinha. Seres diferentes foram chegando, uns aos pares , outros em bandos e haviam os que vieram sozinhos para representar muitos que não puderam estar presentes. Vieram criaturas pela terra e pelo ar. Rapidamente a reunião foi formada por jacarés de papo amarelo, capivaras, tucanos de bico preto, borboletas azuis, um enorme pintado veio do centro oeste, um bicho preguiça demorou, mas chegou. Grandes amigos se reencontravam ou acabavam de se conhecer, para festejar a comunhão, disseminar idéias e trocar experiências. Todos traziam consigo o que tinham de melhor para ajudar os outros a perceber o que têm de melhor também. As criaturas do local sede da conferencia organizaram-se para acomodar todos os convidados e acolher com carinho seus irmãos de caminhada. Teve um casal de gralhas azuis que estava
com o ninho bem aquecido pela presença de seus filhotinhos que cedeu lugar para os formosos coqueiros baianos aconchegarem-se. Todas as criaturas reunidas, deu-se início ao seminário que tinha por objetivo debater sobre o equilíbrio entre a verdadeira vontade do artista criador ao desenhar cada detalhe e as
exigências do mundo atual. Todos tinham consciência da importância da continuidade do Mundo Fabuloso da Comunhão. E assim defendiam, discordavam, concordavam e sugeriam. Cada liderança sabia que não estava ali para assistir os acontecimentos, mas para fazer parte deles.
A Águia alertou para a importância de afiar os sentidos para as transformações e renovações dos novos tempos. O Papagaio não deixou de lembrar a importância de buscar os desejos do artista criador,
fazendo tudo o que Ele quer. Durante a conferência, os sabiás em coro, afinadíssimos, entoavam canções memoráveis. Canções para alegrar, animar e emocionar, canções que acalentavam o coração. Mesmo com
esta calorosa recepção o casal de Araras Azuis se encolhia não suportando o frio que estava fazendo.
As formigas saúvas cuidaram da logística organizando, limpando e providenciando o que fosse necessário para que os líderes pudessem refletir e conviver em harmonia. Após 3 dias de reunião e união, era chegada a hora de retornar aos seus lares, tomar o caminho de volta, deixando para trás seus tesouros que foram compartilhados e levando na bagagem tudo que foi distribuído e dividido, além de muitos sonhos para serem implementados. O seminário transformou cada participante em semeadores, prontos a semear, sementes capazes de brotar, dar frutos, flores e continuar a beleza da vida. Pode ser que o periquito azul e a antiga mangueira se esqueçam de alguma parte da matéria, afinal era tanto a ser assimilado. Esquecer algum detalhe da conferência seria normal, mas o que não se esquecerá certamente, serão os sorrisos, as gentilezas, o amor e tudo o que reflete a face do artista criador. Então, o Antigo Carvalho concluiu que lideres são semeadores e que se a semente for lançada com convicção e carinho não há como não florescer.
E ao final de tudo em um grande suspiro o Sol que resolveu ficar mais um pouco para não perder nada da reunião falou com a Lua que chegou antes para observar tudo pessoalmente: é isso que eu sempre digo, que bom que no céu há espaço para todas as estrelas; uma não precisa tirar o brilho da outra para aparecer mais, cada uma deve ceder a sua luz para auxiliar a outra. E as araucárias que viam tudo de cima comentaram entre si: O Artista foi tão perfeito, ao criar todos diferentes, que fez com que tivessem necessidade de viver juntos. Cada qual desempenhando sua missão. Cada qual fazendo a sua parte para que o Mundo Fabuloso da Comunhão continue existindo e cumprindo sua função.
Ana Paula Maddalozzo - Mefecista de Curitiba
Dá-lhe Morada!!! A Ana Paula é nossa! Aha - uhu!
ResponderExcluirJuliana
Dá Morada!!! Aha - uhu! A Ana Paula é nossa!!!
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