Conhecer a história das religiões constitui, desse modo, um ponto decisivo para
alargar a visão da criança ou adolescente. Logo cedo, os pais podem apresentar
outras maneiras de compreender a Deus, como, por exemplo, pelas lendas de
nossos irmãos indígenas e os relatos africanos da origem do mundo.
Assim também livros como a Bhagavad Gita (texto da tradição hindu) e o Tao te
King (texto fonte do taoísmo na China) nos trazem pontos de ligação com o
Evangelho, a partir de temas como o amor, o autoconhecimento e a sabedoria da
paz a todos os seres.
Então, depois de conhecer e ler outros textos sagrados, certamente o jovem terá
mais condições de dialogar com as diferenças, fazendo de nossa devoção uma
oportunidade de amadurecimento, inclusive de nossa leitura do Evangelho.
Por isso, é muito importante que o jovem esteja disposto a abrir sua mente para
novas formas de pensar o sagrado. Ver e ouvir outros relatos da presença dos
cultos religiosos nas culturas que são anteriores à tradição judaico-cristã, que
baliza o Ocidente. Este seria um momento oportuno para debater acerca do
conhecimento aprofundado destas tradições.
Não se trata aqui, como às vezes se possa pensar, apenas de “tolerar” outra
tradição religiosa, mas de conhecê-la em sua riqueza simbólica, a fim de
compreender os pontos essenciais que nos aproximam. O diálogo
ecumênico implica em reconhecer que as religiões são como rios que
deságuam todos no mesmo oceano.
O jovem pode ser enriquecido pela leitura religiosa do mundo, que implica em
contemplar a ordem da realidade pelo viés do sagrado. Isso deve ajudá-lo a
crescer e a amadurecer como indivíduo, situado no mundo, em processo de
interrelação contínua.
É importante, porém, cuidado para não transformar atitude religiosa em
fundamentalismo, a fim de que não se perca o espírito de abertura, espontaneidade, doação, questionamento, criticidade, autenticidade, próprios da
juventude.
*Professor de filosofia. MFC São Luiz, MA
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