“O horizonte da fraternidade apela ao crescimento em plenitude de todo o homem e mulher. As justas ambições De uma pessoa, sobretudo se jovem, não devem ser frustradas nem lesadas; não se lhe deve roubar a esperança de podê-las realizar. A ambição, porém, não deve ser confundida com prevaricação; pelo contrário, é necessário competir na mútua estima (cf. Rm 12, 10). Mesmo nas disputas, que constituem um aspecto inevitável da vida, é preciso recordar-se sempre de que somos irmãos; por isso, é necessário educar e educar-se para não considerar o próximo como um inimigo nem um adversário a eliminar.”
A corrupção e o crime organizado contrastam a fraternidade
Extraído da mensagem do papa Francisco no Dia Mundial da Paz Nesta minha primeira Mensagem para o Dia Mundial da Paz, desejo formular a todos, indivíduos e povos, votos de uma vida repleta de alegria e esperança. Com efeito, no coração de cada homem e mulher, habita o anseio de uma vida plena que contém uma aspiração irreprimível de fraternidade, impelindo à comunhão com os outros, em quem não encontramos inimigos ou concorrentes, mas irmãos que devemos acolher e abraçar.
“Fraternidade, fundamento e caminho para a paz”
A fraternidade gera paz social, porque cria um equilíbrio entre liberdade e justiça, entre responsabilidade pessoal e solidariedade, entre bem dos indivíduos e bem comum. Uma comunidade política deve, portanto, agir de forma transparente e responsável para favorecer tudo isto.
Os cidadãos devem sentir-se representados pelos poderes públicos, no respeito da sua liberdade. Em vez disso, muitas vezes, entre cidadão e instituições, interpõem-se interesses partidários que deformam essa relação, favorecendo a criação de um clima perene de conflito.
Um autêntico espírito de fraternidade vence o egoísmo individual, que contrasta a possibilidade de as pessoas viverem em liberdade e harmonia entre si. Tal egoísmo desenvolve-se, socialmente, quer nas muitas formas de corrupção que hoje se difunde de maneira capilar, quer na formação de organizações criminosas – desde os pequenos grupos até àqueles organizados à escala global – que, minando profundamente a legalidade e a justiça, ferem no coração a dignidade da pessoa.
Estas organizações ofendem gravemente a Deus, prejudicam os irmãos e lesam a criação, revestindo-se de uma gravidade ainda maior se têm conotações religiosas.
Penso no drama dilacerante da droga com a qual se lucra desafiando leis morais e civis, na devastação dos recursos naturais e na poluição em curso, na tragédia da exploração do trabalho; penso nos tráficos ilícitos de dinheiro como também na especulação financeira que, muitas vezes, assume caracteres predadores e nocivos para inteiros sistemas económicos e sociais, lançando na pobreza milhões de homens e mulheres; penso na prostituição que diariamente ceifa vítimas inocentes, sobretudo entre os mais jovens, roubando-lhes o futuro; penso no abominável tráfico de seres humanos, nos crimes e abusos contra menores, na escravidão que ainda espalha o seu horror em muitas partes do mundo, na tragédia frequentemente ignorada dos emigrantes sobre quem se especula indignamente na ilegalidade.
A este respeito escreveu João XXIII:
«Uma convivência baseada unicamente em relações de força nada tem de humano: nela as pessoas veem coarctada a própria liberdade, quando, pelo contrário, deveriam ser postas em condição tal que se sentissem estimuladas a procurar o próprio desenvolvimento e aperfeiçoamento».
Mas o homem pode converter-se, e não se deve jamais desesperar da possibilidade de mudar de vida.
Gostaria que isto fosse uma mensagem de confiança para todos, mesmo para aqueles que cometeram crimes hediondos, porque Deus não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva (cf. Ez 18, 23).
No contexto alargado da sociabilidade humana, considerando o delito e a pena, penso também nas condições desumanas de muitos estabelecimentos prisionais, onde frequentemente o preso acaba reduzido a um estado sub-humano, violado na sua dignidade de homem e sufocado também em toda a vontade e expressão de resgate.
A Igreja faz muito em todas estas áreas, a maior parte das vezes sem rumor. Exorto e encorajo a fazer ainda mais, na esperança de que tais ações desencadeadas por tantos homens e mulheres corajosos possam cada vez mais ser sustentadas, leal e honestamente, também pelos poderes civis. (Continua).
O problema na Igreja não é falta de vocações, mas os condicionamentos em que o sistema dominante as enclausura chamando e atribuindo a si tradições e poderes que deixam de lado a tradição apostólica e a única lei em vigor para os discípulos de Jesus: o amor. Vocações ministeriais bloqueadas
Franz Wieser*
Que outra coisa são as vocações dentro da corporação baseada em Cristo, se não os talentos (Mateus 25:14-30) conforme Deus os distribui, os carismas, dons gratúitos do Espírito de Deus em função da edificação deste corpo de Cristo? Embora sejam diferentes como os membros de um corpo, quer em termos de sua importância, quer em suas funções, o que, afinal, tem valor diante de Deus, é que pessoa os administre, cada um com a sua capacidade (1 Coríntios capítulos 12, 13 e 14; Ro 12:3-8).
O que em princípio se deve ter por certo é que os talentos, os carismas, ou seja, a vocação, não é dada pelo papa ou por um bispo, mas por Deus, pelo Espírito de Deus que sopra onde quer, sem distinção de sexo ou estado de vida. É óbvio que são as igrejas de base, as comunidades locais, cujo poder de "examinar tudo e ficar com o que (em consciência) considerem autêntico" (1 Ts 5.21), que devem promover e escolher seus ministros, seus pastores e distinguir entre profetas falsos e verdadeiros, como era costume nos primeiros séculos do cristianismo.
O que é inaceitável, de acordo com Bernhard Häring, é que os superiores (termo antievangélico) se atribuam o poder de "ditar ao Espírito da Liberdade os canais e as condições em que Ele deve agir", ou seja, exclusivamente em varões solteiros. Chegar a este absurdo, pretender colocar-se acima de Deus, revela a ausência total daquele zelo pela causa de Jesus que caracterizava São Paulo, quando ele argumentava contra a rivalidade, dizendo: "Que Cristo seja anunciado, é nisto que me alegro", seja com boa ou má intenção (Fil 1 ,15-18).
Além disso, ninguém fala de "sacerdotes". Jesus, um judeu até o final de sua vida, não estabeleceu qualquer novo sacerdócio ou sacrifícios, a não ser a misericórdia (Mt 9,13), nem a necessidade de templos (Jo 4.23). Para Jesus, Deus é imediato e não exige intermediários sagrados. Seu templo somos nós. Jesus enviou os apóstolos e discípulos para anunciar a Boa Nova. Nenhum deles, como Jesus, fiéis à religião judaica, se apresentava como sacerdote. A chamada sucessão apostólica é uma invenção que não tem base na tradição primitiva.
Sabemos que no princípio quem presidia a Ceia do Senhor eram homens ou mulheres de prestígio, pais ou mães em suas casas, sem se considerarem uma espécie de magos, cujos gestos ou palavras produzissem "ex opere operantis” (pelo poder dessa pessoa) o milagre da transubstanciação. Eram jantares ou ceias comunitários, num clima de amizade, sinais de entrega de suas vidas no estilo da Última Ceia do Senhor.
A lei do celibato é apenas uma de uma série de atribuições impostas ao "sacerdócio" católico que marcam algumas vidas muito particulares. Contudo, não só o ministério na Igreja, mas também todo este sistema hierárquico piramidal de poderes de alguns irmãos na fé sobre as bases, exige um reinício com base nos Evangelhos e na tradição apostólica e é a partir destas que se deve agir. Já se falou e escreveu o suficiente. Tudo podemos esperar do Espírito de Deus se nos deixarmos guiar por Ele.
*Franz Wieser, missionário alemão no Peru há mais de 40 anos. Padre casado.
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