O Papa nas suas escolhas – e a imprensa internacional salientou muito isso -, confirmou o seu desejo de uma Igreja simples, humilde, pobre, pois foi buscar também em realidades pequenas e inexistentes no cenário mundial – parece recordar Nazaré e Belém no tempo de Jesus – colaboradores mais estreitos para fazer parte do seleto grupo de cardeais, outrora chamados de “príncipes da Igreja”, hoje mais insistentemente “servidores da Igreja”.
Foi uma escolha pessoal de Francisco que nem mesmo os cardeais nomeados sabiam, pois ficaram sabendo junto com os fiéis de todo o mundo. E para não distorcer o papel e a missão dos cardeais, nesta semana o Papa Francisco escreveu aos neo-cardeais recordando que o “cardinalato não significa uma promoção, nem uma honra e nem uma condecoração. É simplesmente um serviço que exige ampliar o olhar e dilatar o coração". O Papa Francisco pediu aos futuros cardeais para "receberem esta designação com um coração simples e humilde".
Com a criação dos novos cardeais, o Papa Francisco dá um sinal importante e concreto da visão que ele tem para a Igreja, pois foi buscar colaboradores na grande periferia do mundo, aquela periferia que tanto ele ama e que não cansa de citar. Alguns meios de comunicação internacional sentenciaram em títulos garrafais, “começou a revolução de Francisco”, uma revolução patente quer nas escolhas relativas ao Colégio Cardinalício, quer nas situações evidenciadas diante dos embaixadores de todo o mundo acreditados junto à Santa Sé no seu discurso da última segunda-feira, na Sala Régia, no Vaticano.
A primeira comunicação, aos novos cardeais, o Papa Francisco fez da janela do Palácio Apostólico, durante o Angelus, diante de milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro e dos fiéis coligados com o Vaticano através do rádio, da televisão e internet. Uma comunicação para a grande massa de fiéis, dispersa em todos os ângulos do planeta.
A segunda comunicação, e também os convites ao mundo inteiro, foram feitas dentro de uma sala, a Sala Régia, aos representantes das cerca de 180 nações que mantém relações diplomáticas com a Santa Sé, diante dos embaixadores que representam seus países e governos. Sim, de dentro de uma sala fechada o Papa também falou ao mundo através desses representantes diplomáticos para fazer chegar a sua voz aos potentes do mundo, àqueles que tem poder de decisão sobre a vida de milhões de pessoas. Assim Francisco, no seu discurso à diplomacia abriu o seu coração, olhar e pensamento para o mundo, para as situações mais difíceis e frágeis, dolorosas. Mas também falou de esperança, pedindo aos que podem ajudar a encontrar soluções, que o façam.
O homem que “veio do fim do mundo” e que ganhou o mundo com a sua simplicidade e gestualidade, não perdeu a oportunidade de enfatizar mais uma vez, a sua rejeição à cultura do descartável, não só dos alimentos ou bens, mas também de seres humanos. Levantou a voz em defesa das crianças e do horror ao aborto, ao tráfico de pessoas, que são objeto de mercado numa nova forma de escravidão moderna, um verdadeiro “crime contra a humanidade”; falou da valorização dos jovens e dos idosos.
Os temas tocados no discurso aos embaixadores denotam mais uma vez, a importância que o Papa dá à pessoa, individualmente, onde quer que ela esteja, mas com um acento agudo àqueles que vivem na periferia, seja da Igreja, seja da cidade, seja do mundo, os últimos, para Francisco não faz diferença.
O Santo Padre demonstrou mais uma vez nesta semana, primeiramente com o chamado dos 16 novos cardeais ao Colégio Cardinalício, e depois com suas palavras aos representantes diplomáticos, que no seu coração está a família humana à qual todos nós pertencemos. Está o desejo da cultura do encontro, da paz, da partilha, da fraternidade. Assim, Francisco continua a nos indicar o caminho para redesenhar um novo cenário do mundo.
Texto proveniente do site da Rádio Vaticano
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