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sábado, 4 de janeiro de 2014

Férias da espiritualidade ou espiritualidade das férias?

O homem urbano atual tem muitas dificuldades em lidar com o tempo de repouso, e considerá-lo não um tempo vazio, mas de crescimento e harmonia espiritual. Parece que férias fosse o tempo de não fazer nada, ou fugir da mecânica por vezes estafante do trabalho. Assim facilmente se cai no tédio e na monotonia de programações que podem ser mais danosas que o cansaço da tarefa laboral.
 Para o cristão o tempo de repouso é um tempo sabático de festa e lazer com o Senhor do tempo, que nos ensina a repousar no Espírito.  Estar em férias é abrir-se para o inédito, deixar-se surpreender pela beleza e colorido da vida que não temos as vezes na rotina para contemplar e simplesmente desfrutar em silêncio. Viver outra vez a presença de cada minuto como dádiva e dom divino, para despertar e iluminar todo nosso ser. Desembaçar o nosso olhar e as nossas narinas para experimentar a diversidade e criatividade do Deus criador na exuberante natureza.
Cultivar a ternura, afetos e sentimentos adormecidos ou até brutalizados, aprendendo a escutar e acolher o outro. Saborear a meditação como encontro gratuito e pleno com a Palavra, descendo ao núcleo mais profundo da interioridade e do coração.
Visitar, viajar, caminhar percorrendo rotas e jornadas espirituais de um turismo místico voltado para o absoluto e transcendente. Parar, recolher-se, unir-se resgatando a unidade perdida, refocalizando toda a nossa pessoa, assumindo com mais consciência o nosso projeto de vida. Desobstruir os canais de comunicação na família, compartilhar jogos, saídas, ter tempo para brincar e participar plenamente das alegrias e buscas de cada integrante do grupo parental.
Fazer as coisas sem pressa, procurando não só cumprir com uma tarefa, mas realizando-as com prazer e capricho, lembrando aquela frase de São José Maria Escrivá: "Estai no que fazes e fazei o que deves". Relaxar sentindo o corpo, a respiração, as pulsações, inovando em dietas e culturas alimentares, menos tóxicas, e agressivas, readquirindo o gosto pela irmã água, pelos legumes e pelas frutas.
Escutar com delicadeza o gorjear dos passarinhos, os sons da criação e ter novamente a experiência fascinante de ver o sol nascer ou o crepúsculo do mesmo astro rei. Desta maneira as férias se tornarão num momento de graça, de profunda alegria, e nos trarão a felicidade de redescobrir o sentido e a paixão de viver. Deus seja louvado!

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos (RJ)

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