Papa afirma que crescimento da desigualdade e da pobreza coloca em perigo a democracia
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O Papa Francisco recebeu os participantes da assembleia plenária do Pontifício Conselho Justiça e Paz. Refletindo sobre os aspectos do sistema econômico atual, o Papa bateu o pé na exploração do desequilíbrio internacional dos salários dos trabalhadores, que afeta milhões de pessoas que vivem com menos de dois dólares por dia.
''Pleiteia-se aqui - disse - o problema de criar mecanismos de tutela dos direitos trabalhistas e do meio ambiente, frente a uma ideologia consumista, que não se sente responsável nem pelas cidades nem pela natureza. Por outra parte, o crescimento da desigualdade e da pobreza coloca em perigo a democracia inclusiva e participativa, que sempre pressupõe uma economia e um mercado que não exclua e que seja justo''. ''Trata-se, pois, de superar as causas estruturais da desigualdade e da pobreza'', continuou, recordando que em sua exortação apostólica Evangelii gaudium assinalou três instrumentos básicos para a inclusão social dos mais necessitados, como a educação, o acesso à atenção sanitária e o trabalho para todos.
''Em outras palavras – explicou – o Estado de direito social não deve ser desmantelado, em particular o direito fundamental ao trabalho. Isso não pode ser considerado como uma variável dependente dos mercados financeiros e monetários. É um bem fundamental por quanto se refere à dignidade, à formação de uma família, à realização do bem comum e da paz.A educação e o emprego, o acesso ao bem estar para todos são elementos chave para o desenvolvimento a justa distribuição dos bens, tanto para alcançar a justiça social, como para pertencer à sociedade e para participar livre e responsavelmente da vida política, entendida como a gestão da ''res publica''.
“As ideias que pretendem aumentar a rentabilidade às custas da restrição do mercado de trabalho, que criam novos excluídos, não são conformes com uma economia a serviço da humanidade e do bem comum, nem com uma democracia inclusiva e participativa''.
Regressando à encíclica ''Caritas in veritate'', o Papa recordou: ''Um amor cheio de verdade é, efetivamente, a base sobre a qual construir a paz, hoje tão desejada e tão necessária para o bem de todos. Permite superar fanatismos perigosos, conflitos pela posse dos recursos, migrações de proporções bíblicas, as pragas perduráveis da fome e da pobreza, o tráfico de pessoas, a injustiça e as desigualdades sociais e econômicas, e o desequilíbrio no acesso aos bens coletivos''. A Igreja – finalizou – está sempre a caminho, em busca de novas formas de anunciar o Evangelho também no âmbito social''.
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O Brasil é o 6º país em mortes de jovens no mundo. Aqui eles são mortos pela polícia, por balas "perdidas”, pela guerra entre traficantes e por acidentes de moto ou carro. O dado é da UNICEF.
Em números absolutos, o Brasil teve, em 2012, mais de 11 mil homicídios de pessoas entre 0 e 19 anos de idade, atrás apenas da Nigéria, que teve 13 mil.Aqui ocorrem 17 assassinatos em cada 100 mil jovens. E 10% das meninas com menos de 19 anos já fizeram sexo forçado. Em geral, a pedofilia ocorre no próprio âmbito familiar.
A UNICEF pesquisou 190 países. À frente do Brasil em assassinatos de jovens estão El Salvador (27/100 mil), Guatemala (22), Venezuela (20), Haiti (19) e Lesoto (18).
Jovens negros sofrem o risco três vezes maior de serem assassinados que brancos da mesma faixa etária. Nossa polícia, com raras exceções, não é treinada para agir sem preconceito racial e com respeito à cidadania dos mais jovens.
Em 1/5 dos assassinatos no mundo as vítimas têm menos de 20 anos. Em 2012, essas vítimas precoces somaram 95 mil!
Uma em cada 10 meninas em todo o mundo já sofreu algum tipo de ato sexual forçado. Os abusos costumam ser praticados por pais e parentes. E 6, em cada 10 crianças entre 2 e 14 anos, são regularmente agredidas por seus pais. Estes ignoram que criança surrada tende a ser adulto revoltado, capaz inclusive de crimes hediondos.
Entre cada dez adultos, três acreditam que castigos físicos são necessários para criar os filhos. Em 58 países, 17% dos menores sofrem "graves formas de castigos físicos”, índice que sobe para 40% em países como Egito e Iêmen.
É urgente os governos adotarem políticas em relação à violência infantil, que não é normal nem tolerável. Em junho, a presidente Dilma Rousseff sancionou o projeto que criou a Lei da Palmada, para punir adultos que submetam menores a castigos que resultem em sofrimento físico. A lei determina que as crianças sejam educadas sem castigos físicos ou "tratamento cruel ou degradante como forma de correção ou educação.”
O relatório do UNICEF, de 206 páginas, indica que cerca de 120 milhões de meninas e adolescentes de menos de 20 anos (ou uma em cada dez) já sofreram violência sexual.
Metade das jovens entre 15 e 19 anos consideram justificável que o marido bata na mulher "em determinadas circunstâncias”. A proporção chega a 80% em países como Afeganistão, Jordânia e Timor Leste. A violência doméstica é encoberta pelo medo das vítimas de denunciarem o agressor, o que agrava o problema.
Quem bate não ama. Quem abusa é tarado. Quem mata merece cadeia.
Frei Betto é escritor, autor de "Alfabetto – autobiografia infantil” (Ática), entre outros livros. http://www.freibetto.org/> twitter:@freibetto.
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Finalmente, está acontecendo no Brasil. Corruptos denunciados e presos denunciam comparsas. O papa Francisco tem um recado.
“A única saída para os corruptos é pedir perdão e restituir o que roubou”
Os corruptos matam e a única saída possível é o arrependimento – esta a mensagem da homilia do Papa Francisco na Missa em Santa Marta na manhã desta terça-feira. Partindo da Leitura do Livro dos Reis o Santo Padre anota o que diz o profeta Elias sobre o rei Acab denunciando que ele vendeu-se. É como se se tornasse numa mercadoria – afirmou o Papa Francisco: “Esta é a definição: é uma mercadoria!...
“O corrupto vende-se para fazer o mal, julgando que apenas o faz para ter mais dinheiro”. “O corrupto é um escândalo para a sociedade, é um escândalo para o povo de Deus” – com estas frases fortes e duras o Papa Francisco apresentou três aspetos que definem o corrupto:
Na conclusão da sua homilia o Papa Francisco evidenciou que a única saída para um corrupto é pedir perdão, tal como fez Zaqueu, restituindo quatro vezes daquilo que roubou.O Papa Francisco disse ainda que quando lemos nos jornais que esta ou aquela pessoa é corrupta mesmo até quando são prelados da Igreja, devemos rezar por eles e pedir ao Senhor para que se arrependam e se convertam - “e que não morram com o coração corrupto”.
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