O relacionamento é algo vivo e como tal, deve ser tratado e cultivado. Os casais que cultivam os seus laços de amor e os mantêm vivos, estão cuidando de si, de suas famílias e, na sinergia universal, estão cuidando de toda a criação, pois o amor é o alicerce da família. Eles são co-autores da vida, com Deus. Para aprofundar a reflexão do valor do lar e do casal e de toda a família no plano de Deus, é bom lembrar que nosso Deus, criador do céu e da terra e de tudo o que eles contêm, quando veio ao mundo, escolheu nascer em uma família, justamente para evidenciar a importância que Deus nela deposita. Mas é preciso ter a sabedoria para lembrar que nem todos os nossos estilos de vida e mais que isso, nossas opções de vida, são queridos por Deus. Santo Agostinho dizia: “Deus ama o pecador, mas não o pecado”. E se nosso projeto de família se afasta daquilo que foi planejado por Deus, nós mesmos experimentamos os resultados de seguirmos os nossos caminhos e, por conseguinte, sofremos as consequências. A grande proximidade entre pais e filhos foi se perdendo por diversos motivos como a industrialização; a mecanização da agricultura e a ausência de políticas agrárias provocando o êxodo rural; a lei do divórcio; a sobrecarga do papel da mulher dentro e fora do lar; a desvalorização e desconsideração da importância da maternidade; o consumismo e os baixos salários, e consequentemente um maior tempo dedicado ao trabalho; e muitos outros fatores.
O artigo intitulado “Como ser família hoje?” publicado na revista Fato e Razão nº 57, à página 74, de autoria de Hélio e Selma Amorim, propõe que se julgue: “Como se dá a busca de uma fé adulta contra a sua redução a expressões religiosas superficiais?” Respondem que “a formação para a fé encontra os pais hoje despreparados”. Tradicionalmente a formação religiosa se limitava à matrícula dos filhos na catequese paroquial para a primeira Eucaristia e depois a cobrança da frequência à missa dominical. Predominava assim o infantilismo na fé, reduzida às práticas religiosas muitas vezes superficiais e livres de compromissos. Numa sociedade marcadamente religiosa do passado, essa prática parecia funcionar, porém, no mundo moderno secularizado, a fé dos cristãos não pode permanecer nesse nível infantil e tampouco as novas práticas religiosas de massa oferecem solução para a construção de uma fé adulta.
A tendência é a indiferença religiosa ou a adesão a uma religiosidade de tipo mágico que faz proliferar igrejas e seitas não convergentes com a proposta exigente e comprometedora do Evangelho. Num outro artigo do mesmo número de Fato e Razão, intitulado “Como vai a família?” Hélio e Selma explicam que para que a família seja educadora na fé, transmissora de valores éticos, humanos e cristãos é necessário que ela seja capaz de“transmitir a essência da fé dos cristãos, como adesão ao projeto de Deus, desenvolver o amor ao próximo, viver e transmitir os valores da honestidade, austeridade, respeito e serviço ao outro e compromisso com a partilha” e para que seja a família promotora do bem comum ela tem que “comprometer-se com a transformação da sociedade, indignar-se com toda forma de injustiça, preparar os seus filhos para atuar nas estruturas sociais intermediárias, no empenho para que se produzam sinais do Reino de Deus numa sociedade desigual”.
Fonte: MFC/PR
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