“Onde não há trabalho falta a dignidade”
“E este não é um problema só da Sardenha, da Itália, da Europa. É a consequência de um sistema econômico que conduz a esta tragédia. Um sistema econômico que coloca no centro um ídolo, que se chama dinheiro. E Deus quis que, no centro, no centro do mundo, não estivesse um ídolo, mas o homem e a mulher, que levam adiante o mundo com o seu trabalho”.
“Neste sistema sem ética, no centro, há um ídolo e o mundo tornou-se idólatra do dinheiro. E para defender este ídolo ajudam o centro e provocam a queda dos extremos mais frágeis: os idosos... Este mundo não é feito para eles... eutanásia escondida... E caem também os jovens, que não encontram trabalho”. “Este mundo não tem futuro, porque as pessoas não têm dignidade sem trabalho. Este é o seu sofrimento. É uma oração: trabalho, trabalho, trabalho.”
Protestos mundo afora confirmam a fragilidade dos sistemas econômicos e levam os países europeus a crise sem precedentes desde os anos 30 |
“Eu havia escrito algumas coisas para vocês, mas, ao vê-los pessoalmente, me vieram estas palavras. Entregarei ao bispo o meu discurso. Preferi dizer-lhes o que me sai do coração ao ver vocês neste momento”.
“É fácil dizer não percam a esperança. Não se deixem roubar a esperança. A esperança é como as brasas sob as cinzas. Ajudemo-nos com a solidariedade, soprando, para que venha a esperança... Devemos acalentar a esperança coletivamente. A esperança é coisa de todos”.
“Mas sejamos astutos. O Senhor nos adverte que os ídolos são mais astutos que nós. Convida-nos a ter a astúcia da serpente e a bondade da pomba. Chamemos as coisas pelo seu nome. Lutemos para que no centro esteja não um ídolo, mas a família humana”.
As práticas sociopolíticas
Helio Amorim
Movimento Familiar Cristão
Aquela velha história do peixe e do anzol procura recuperar o valor de ações promocionais ante a pobreza, mas convém ser realista e corrigir o enunciado antigo. Com efeito, a quem está com fome, vamos primeiro dar o peixe para que não morra e só depois da fome vencida ensinar-lhe a pescar.
Mas isto não basta, nesse modelo injusto de sociedade excludente e opressora. A maioria absoluta dos que trabalham não consegue usufruir do produto do seu trabalho. Produz alimentos mas passa fome. Produz bens que nunca poderá possuir.
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Constrói boas casas mas mora em barracos miseráveis. Os donos das máquinas e das fábricas, das fazendas e usinas, aqueles que investem seu capital na produção possuirão tudo o que braços e mentes produzirão. Aos trabalhadores pagarão salários insuficientes para comprar as coisas que produzem. Quer dizer, aquele que pesca não tem o direito de comer o peixe que pescou.
Este é o complemento daquele ditado.
Essa equação cruel faz parte da lógica do sistema capitalista em sua forma habitualmente selvagem, que hoje se reveste de uma vistosa e enganosa roupagem chamada neoliberal. Tudo será regulado pelo deus-mercado, cuja "mão invisível" cuidará que as tensões se equilibrem magicamente, dela resultando misteriosamente a justiça social e a paz, com igualdade de oportunidades para todos, numa sociedade igualitária e feliz.
O que observamos, mesmo os mais distraídos, é que essa utopia multissecular de Adam Smith nunca se realizou, em nenhuma parte do mundo. Somente os países mais ricos conseguem se aproximar desse sonho utópico, à custa da histórica exploração dos países menos desenvolvidos, condenados à eterna pobreza e atraso.
Voltando ao pobre pescador, percebemos que esses mecanismos espoliadores são próprios de estruturas socioeconômicas desumanizadoras intoleráveis. O cristão conscientizado identifica essas engrenagens. Em sua ação profética, denuncia a sua maldade intrínseca. Também compreende que a denúncia não é suficiente. É urgente transformar essa realidade contrária ao projeto de Deus.
Essas transformações somente acontecerão por via política. O cristão é chamado a uma atuação política efetiva, num leque amplo de possibilidades e alternativas eficazes. Além da militância ativa em partidos políticos, são inúmeras outras as oportunidades de ações dessa natureza através da participação nas múltiplas estruturas sociais intermediárias existentes ou que podem ser criadas.
Paulo VI, na "Octogesima Adveniens" afirma que a ação política é uma das mais nobres maneiras de o cristão atuar no mundo, para transformá-lo.
A política, em suas variadas expressões, é o instrumento próprio para perseguir-se esse objetivo. É espaço a ser ocupado pelos cristãos, como opção de fé.
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Então podemos reescrever o pensamento famoso: “a quem tem fome, dar o peixe, antes que morra; logo que possível, vencida a fome, dar-lhe o anzol e ensinar-lhe a pescar, mas também assegurar-lhe esse direito, para que não fique para sempre dependente do dono do pesqueiro; em seguida, juntar-se a ele na luta política pelo direito de comer o peixe que pescou”.
O autor de “O Pequeno Príncipe” desapareceu com seu avião durante a guerra
Antoine de
Saint-Exupéry
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O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá mais se tem.
Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
O Homem distingue-se dos homens. Nada se diz de essencial acerca da catedral se apenas falarmos das pedras.
Nada se diz de essencial a respeito do Homem se procurarmos defini-lo pelas qualidades humanas.
Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção.
A terra ensina-nos mais acerca de nós próprios do que todos os livros. Porque ela nos resiste.
Cada um é responsável por todos. Cada um é o único responsável. Cada um é o único responsável por todos.
A grandeza da oração reside principalmente no fato de não ter resposta, do que resulta que essa troca não inclui qualquer espécie de comércio.
Antoine de Saint-Exupéry
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