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terça-feira, 5 de novembro de 2013

CORREIO MFC BRASIL Nº 342


É notória a crise da figura do pai na sociedade contemporânea. Por função parental, ele é o principal criador do limite para os filhos e filhas. Seu eclipse provocou um crescimento de violência entre os jovens nas escolas e na sociedade, que é exatamente a não consideração dos limites.

A regeneração da figura do pai e a violência na sociedade

O enfraquecimento da figura do pai desestabilizou a família. Os divórcios aumentaram de tal forma que surgiu uma verdadeira sociedade de famílias de divorciados.
Não ocorreu apenas o eclipse do pai; mas, também, a morte social do pai.  A ausência do pai é, por todos os títulos, inaceitável. Ela desestrutura os filhos/filhas, tira o rumo da vida, debilita a vontade de assumir um projeto e ganhar autonomamente a própria vida.
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Faz-se urgente um re-engendramento, sobre outras bases, da figura do pai. Para isso antes de mais nada é de fundamental importância, fazer a distinção entre os modelos de pai e oprincípio antropológico do pai. Esta distinção, descurada em tantos debates, até científicos, nos ajuda a evitar mal-entendidos e a resgatar o valor inalienável e permanente da figura do pai.

A tradição psicanalítica deixou claro que o pai é responsável pela primeira e necessária ruptura da intimidade mãe-filho/filha e a introdução do filho/filha num outro continente, o transpessoal, dos irmãos/irmãs, dos avós, dos parentes e de outros da sociedade.

Na ordem transpessoal e social, vige a ordem, a disciplina, o direito, o dever, a autoridade e os limites que devem valer entre um grupo e outro. Aqui as pessoas trabalham, se conflituam e realizam projetos de vida Em razão disso, os filhos/filhas devem mostrar segurança, ter coragem e disposição de fazer sacrifícios, seja para superar dificuldades, seja para alcançar algum objetivo.

Ora, o pai é o arquétipo e a personificação simbólica destas atitudes. É a ponte para o mundo transpessoal e social. A criança ou o jovem ao entrar nesse novo mundo, devem poder orientar-se por alguém. Se lhes faltar essa referência, se sentem inseguros, perdidos e sem capacidade de iniciativa.

É neste momento que se instaura um processo de fundamental importância para a jovem psique com consequências para toda vida: o reconhecimento da autoridade e a aceitação do limite que se adquire através da figura do pai.

A criança vem da experiência da mãe, do aconchego, da satisfação dos seus desejos, do calor da intimidade onde tudo é seguro, numa espécie de paraíso original. Agora, tem que aprender algo de novo: que este novo mundo não prolonga simplesmente a mãe; nele, há conflitos e limites. É o pai que introduz a criança no reconhecimento desta dimensão. Com sua vida e exemplo, o pai surge como portador de autoridade, capaz de impor limites e de estabelecer deveres.

É singularidade do pai ensinar ao filho/filha o significado destes limites e o valor da autoridade, sem os quais eles não ingressam na sociedade sem traumas. Nesta fase, o filho/filha se destacam da mãe, até não querendo mais lhe obedecer e se aproximam do pai: pede para ser amado por ele e esperam dele orientações para a vida. É tarefa do pai explicar ajudar a superar a tensão com a mãe e recuperar a harmonia com ela.


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Operar esta verdadeira pedagogia é desconfortável. Mas se o pai concreto não a assumir está prejudicando pesadamente seu filho/filha, talvez de forma permanente. O que ocorre quando o pai está ausente na família ou há uma família apenas materna? Os filhos parecem mutilados, pois se mostram inseguros e se sentem incapazes de definir um projeto de vida. Têm enorme dificuldade de aceitar o princípio de autoridade e a existência de limites.


Uma coisa é este princípio antropológico do pai, uma estrutura permanente, fundamental no processo de individuação de cada pessoa. Esta função personalizadora não está condenada a desaparecer. Ela continua e continuará a ser internalizada pelos filhos e filhas, pela vida afora, como uma matriz na formação sadia da personalidade. Eles a reclamam.

Outra coisa são os modelos histórico-sociais que dão corpo ao princípio antropológico do pai. Eles são sempre cambiantes, diversos nos tempos históricos e nas diferentes culturas. Eles passam.

Uma coisa, por exemplo, é a forma do pai patriarcal do mundo rural com fortes traços machistas. Outra coisa ainda é o pai da cultura urbana e burguesa que se comporta mais como amigo que como pai e aí se dispensa de impor limites.

Todo este processo não é linear. É tenso e objetivamente difícil; mas, imprescindível. O pai e a mãe devem se coordenar, cada um na sua missão singular, para agirem corretamente. Devem saber que pode haver avanços e retrocessos; estes pertencem à condição humana concreta e são normais.

Importa também reconhecer que, por todas as partes, surgem figuras concretas de pais que com sucesso enfrentam as crises, vivem com dignidade, trabalham, cumprem seus deveres, mostram responsabilidade e determinação e desta forma cumprem a função arquetípica e simbólica para com os filhos/filhas. É uma função indispensável para que eles amadureçam e ingressem na vida sem traumas até que se façam eles mesmos pais e mães de si mesmos. É a maturidade.
*Teólogo, escritor.


http://www.instituteffl.com/imagens/Envolvimento_&_Comprometimento_180.pngJorge Leão*


É necessário urgentemente clarear o entendimento sobre tais expressões. Envolver-se quer dizer comumente contribuir com o andamento de algo, de modo a dar a ele algum suporte material. Uma pessoa que se envolve, por exemplo, em construir uma casa, deve ter em mente o projeto a ser implementado na construção. Então ela procura providenciar os recursos materiais para efetivar sua empreitada.
Ela funciona aqui como provedor, no sentido utilitário. No entanto, para manter a casa em bom estado de conservação, depois da construção, será necessário um projeto em longo prazo, e aí entra o compromisso.


Desse modo, comprometer-se exige doação. Somente quem se compromete com algo pode doar-se plenamente à permanência dele. Uma pessoa comprometida, além de envolvida na situação, é atenta aos elementos duradouros. Não se limita a frequentar um espaço ou dar-lhe suporte técnico e material, mas a permanecer enquanto responsável por administrar a casa, num cenário comunitário, em que todos estejam canalizados pelo espírito do compromisso engajado. Aí houve algo a mais, porquanto o compromisso extrapola o envolvimento, porque requer cuidado, partilha, responsabilidade, valores que indicam um caminho além do horizonte da obrigação do ocasional momento.

Talvez a maior dificuldade em comprometer-se com algo, ou uma causa, seja de fato a ausência do espírito de pertencimento. Se não houver experiência viva de doação, dificilmente alguém se convence de que não basta contribuir no custo, nos gastos materiais, que não pode jamais ser confundido com o sentido mais profundo do termo “doação”. Com a doação nos dirigimos ao necessário e permanente investimento da obra. Somente o custo, todavia, dentro do parâmetro material de ver alguma coisa funcionando, não basta. Para sair da despesa e ir ao encontro da profunda experiência da administração (como relata o texto bíblico do Gênesis, quando Deus pede ao humano que domine, no sentido de “administre a terra e todas as coisas que foram feitas nela”), será preciso mergulhar no terreno da ética

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Assim faz sentido alguém dizer: “eu colaborei para que isto fosse feito”, pois se houve, de fato, compromisso, é claro que não haverá transferência de débitos ou culpas, quando o projeto não sair conforme planejado. Tanto o sucesso quanto o fracasso moram no âmbito das circunstâncias do envolvimento com a esfera dos acontecimentos.

Contudo, a realização e a plenitude são do âmbito da consciência, e isto não cabe aos ditames das circunstâncias a outorga da obrigação ou da obediência, mas do livre-arbítrio de cada um.

Portanto, não nos iludamos com a ideia de que alguém envolvido irá comprometer-se de imediato. Pode levar tempo para que alguém saia da esfera das obrigações legais e respire ares mais plenos, já na morada dos bens atemporais, onde o compromisso nasce de uma livre adesão, não mais do medo da punição, da garantia da aprovação ou da espera por recompensas, como é comum no terreno dos envolvimentos circunstanciais da vida.                                         
*Professor de Teologia – MFC São Luiz – MA


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“Não são apenas os direitos cívicos e políticos que devem ser garantidos, mas é preciso oferecer a cada um a possibilidade de aceder efetivamente aos meios essenciais de subsistência: alimento, água, casa, cuidados, instrução e a possibilidade de formar e manter uma família” (Papa Francisco)

Papa Francisco quer saber o que pensam os católicos

Numa iniciativa inédita, o Papa enviou um inquérito às conferências episcopais de todo o mundo. São 38 perguntas que vão ser distribuidas pelas paróquias para serem respondidas pelos fiéis. O Papa procura fazer um retrato do que pensam os católicos, da homossexualidade, uniões de fato e uso de contraceptivos para discutir o assunto no sínodo extraordinário da família, marcado para o próximo ano. Converse com o seu pároco para você receber e responder ao questionário.

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