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sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O ENFRAQUECIMENTO DA AUTORIDADE DOS PAIS


COMO EXPLICAR A DESSACRALIZAÇÃO DA AUTORIDADE?

É muito interessante revisarmos juntos um pouco da história dos últimos séculos, e assim entendermos melhor como foi que a autoridade foi perdendo terreno na sociedade e na família. Percebendo o que aconteceu, talvez possamos compreender que muito do que havia na família do passado era autoritarismo, e que a luta contra ele em nada justifica a ausência de autoridade nos dias de hoje.

Na cultura tradicional vigorava a autoridade forte na relação do Estado com os súditos e no ambiente da família. Esta autoridade provinha de valores, costumes, normas. A perda de autoridade dos governantes, incapazes de proteção e da manutenção da paz, modificou esta situação, que sofreu um colapso. Diante da dessacralização da autoridade política, a família entrou em crise...

Roudinesco, em a “A família em desordem” (2003), analisa a família em três fases evolutivas: a primeira, dita “tradicional", era regida pelo poder do pai. O pai recebia o poder do rei, que, por sua vez, o recebia diretamente de Deus, conforme acreditavam; a segunda, fase “moderna", é regida por uma lógica romântica, onde o casal se escolhe sem a interferência de seus pais, procurando uma satisfação amorosa, dividindo o poder e o direito sobre os filhos entre os pais e o Estado e/ou entre pais e mães. Finalmente, a terceira fase, "família contemporânea ou pós-moderna", onde a transmissão da autoridade vai ficando cada vez mais complexa em função das rupturas e recomposições que a família vai sofrendo.


A família “tradicional", submetida ao poder paterno, manteve-se por séculos e veio a abalar-se com a Revolução Francesa, que, ao propor um mundo laico, atingiu a até então inatacável figura de Deus Pai e seus sucedâneos, os reis. Estes são dessacralizados e destituídos, enfraquecendo consequentemente os pais, que eram seu equivalente no seio dos lares. Esse modelo familiar desmoronou definitivamente no final do Século XIX.

RESGATANDO A AUTORIDADE NA FAMÍLIA

A autoridade de um pai, ou de uma mãe, se fundamenta num conjunto de valores por eles vividos, como por exemplo, falar a verdade, tratar o próximo com justiça, evitar excesso de bebidas, controlarem a agressividade, dialogar, respeitar os direitos dos outros, não roubar, viver em paz com todos, etc. São esses valores e princípios que dão legitimidade às relações de mando e obediência. Sem eles os pais não têm “autoridade” para pedir a um filho que cumpra suas ordens.

A autoridade pertence ao reino da qualidade: mantém-se, perde-se e recupera-se pelo modo de comportar-se. Para recuperar a autoridade, comece-se por melhorar, e muito, o comportamento e as relações dos próprios pais.

A autoridade, que em nada se parece com autoritarismo, é uma arma nas mãos de pais e educadores. Tanto a sobredose como sua insuficiência constituem traumatismos afetivos cujos efeitos recaem sobre a personalidade da criança. Se somos totalmente contrários ao excesso de rigor, à disciplina pétrea, às regras descabidas, também recriminamos a frouxidão, a folga, a ausência de limites e a firmeza em exigir seu cumprimento. Na verdade, a demissão do exercício da paternidade está na raiz do problema. É preciso por o dedo na chaga e identificar a relação que existe entre o medo de punir e os efeitos anti-sociais.

O que os pais jamais poderão esquecer é que o afeto e a autoridade não são antagônicos, pelo contrário, são as muletas sobre as quais se apóia a personalidade vacilante do filho, da filha.

Já mencionamos que os valores humanos aparecem como critérios definitivos do sistema de ordem que deve corresponder à disciplina educativa. A restrição e a limitação são necessárias para a consecução da ordem e a direção na vida. Uma das primeiras coisas que o ser humano aprende é que não pode tudo: muitas vezes na vida ficará frustrado e deprimido.

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